segunda-feira, 31 de julho de 2017

A surra de Bíblia

A surra de BÍBLIA*

Lutando no tratamento das irmãs obsidiadas, José e Chico Xavier gastaram alguns meses até que surgisse a cura completa.

No princípio, porém, da tarefa assistencial houve uma noite em que José foi obrigado a viajar em serviço da sua profissão de seleiro.

Mudara-se para Pedro Leopoldo um homem bom e rústico, de nome Manuel, que o povo dizia muito experimentado em doutrinar espíritos das trevas.

O irmão do Chico não hesitou e resolveu visitá-lo, pedindo cooperação.

Necessitava ausentar-se, mas o socorro às doentes não deveria ser interrompido.

Seu” Manuel aceitou o convite e, na hora aprazada, compareceu ao “Centro Espírita Luiz Gonzaga”, com uma Bíblia antiga sob o braço direito.

A sessão começou eficiente e pacífica.

Como de outras vezes, depois das preces e instruções de abertura, o Chico seria o médium para a doutrinação dos obsessores.

Um dos espíritos amigos incorporou-se, por intermédio dele, fornecendo a precisa orientação e disse ao “seu” Manuel entre outras coisas:

 - Meu amigo, quando o perseguidor infeliz apossar-se do médium, aplique o Evangelho com veemência.

- Pois não, - respondeu o diretor muito calmo, - a vossa ordem será obedecida.

E quando a primeira das entidades perturbadas assenhoreou o aparelho mediúnico, exigindo assistência evangelizante, “seu” Manuel tomou a Bíblia de grande formato e bateu, com ela, muitas vezes, sobre o crânio do Chico, exclamando, irritadiço:

- Tome Evangelho! Tome Evangelho!...

O obsessor, sob a influência de benfeitores espirituais da casa, afastou-se, de imediato, e a sessão foi encerrada.

Mas o Chico sofreu intensa torção no pescoço e esteve seis dias de cama para curar o torcicolo doloroso.

E, ainda hoje, ele afirma satisfeito que será talvez das poucas pessoas do mundo que terão tomado “uma surra de Bíblia”...


*= grifos nossos


Fonte: Livro Lindos Casos de Chico Xavier – Ramiro Gama; ilustrações de Miranda Junior – 19ª edição – São Paulo, LAKE – 2000.

domingo, 30 de julho de 2017

A medicação pela fé

A medicação pela fé

A moça abatida, num acesso de tosse, chegara ao “Centro Espírita Luiz Gonzaga” com a receita médica.

Estava tuberculosa.

Duas hemoptises já haviam surgido com horrível prenúncio.

O doutor indicara remédios, entretanto...

- Chico, - disse a doente – o médico me atendeu e aconselhou-me a usar esta receita por trinta dias...

Mas, não tenho dinheiro. Você poderia arranjar-me uns cobres?

O Médium respondeu de boa vontade:

- Minha filha, hoje não tenho... E meu pagamento no serviço ainda está longe...

- Que devo fazer? Estou desarvorada...

Chico pensou, pensou, e disse-lhe:

- Você peça à nossa Mãe Santíssima socorro e o socorro não lhe faltará. A que horas você deve fazer a medicação?

- De manhã e à noite.

- Então você corte a receita em sessenta pedacinhos.

- Deixe um copo de água pura na mesa, em sua casa e, no momento de usar o remédio, rogue a proteção de Maria Santíssima. Tome um pedacinho da receita com a água abençoada em memória dela e repetindo isso duas vezes por dia, no horário determinado, sem duvida, pela fé, você terá usado a receita. 

A enferma agradeceu e saiu.

Passado um mês, a moça surgiu no Centro, corada e refeita.

- Oh! É você? – disse o Médium.

- Sim, Chico, sou eu. Pedi o socorro de Nossa Mãe Santíssima. Engoli os pedacinhos do papel da receita e estou perfeitamente boa.

- Então, minha filha, vamos render graças a Deus.

E passaram os dois à oração.


 Fonte:

Lindos casos de Chico Xavier. Ramiro Gama. Ilustrações de Miranda Junior – 19ª edição – São Paulo, LAKE – 2000.

sábado, 29 de julho de 2017

Traço do Cireneu

TRAÇO DO CIRENEU

O Senhor carregava a cruz dificilmente...
A sentença cruel, afinal, se cumpria.
Liberto Barrabás, Jesus no mesmo dia,
Era levado à morte, ante a ironia
Do fanatismo deprimente...

Brados, altercações, zombaria, algazarra...
O Excelso Benfeitor, no lenho a que se agarra,
Curva-se de fadiga, arrasta-se, tressua,
Escutando em silêncio os palavrões da rua.

O cortejo prossegue... o Cristo, passo em passo,
Por um momento só, exânime fraqueja;
Ajoelha-se e cai, vencido de cansaço.
O povo exige a marcha, excede-se, pragueja...

Nisso, um campônio vem da gleba com que lida.
É Simão de Cirene, homem simples e forte.
Um meirinho lhe pede apoio na subida,
Deve prestar auxílio ao condenado à morte...

- “Como, senhor? Não posso!...” – exclama o interpelado,
- “Tenho pressa!...” No entanto, o funcionário insano
Grita-lhe em rosto: - “Cão, obedece ao chamado!...”
E mostra-lhe o rebenque a gesto desumano...

Calado, o lavrador atende e silencia,
Toma parte da cruz sobre o ombro robusto,
Fita o Mestre cansado e o suor que o cobria...
A turba escala o monte e alcança o topo a custo.

Contemplando Jesus, por fim, deposto o lenho,
Diz-lhe Simão: - “Senhor, achava-me apressado...
A filha cega e muda é o tesouro que eu tenho,
Não queria ferir-te o peito atribulado.

Perdoa, se aleguei a urgência em que me via...
É o coração de pai que falava a chorar...
Sei que estás inocente, ampara-me, alivia
A dor que me avassala e me atormenta o lar...”

Jesus endereçou-lhe um aceno de ternura,
Em meio à multidão, apupado, sozinho
E acentuou: - “Simão, guarda a fé que te apura,
Todo o bem que se faz é uma luz no caminho.”

O cireneu, de volta, acha a enorme surpresa...
Fala-lhe a filha: - “oh, pai, uma luz veio a mim,
Agora vejo e falo, acabou-se a tristeza,
Tenho a impressão que a Terra é um formoso jardim!...”

Simão chora, lembrando a cruz que traz na mente
E reconhece o bem por divino troféu,
Que mesmo praticado involuntariamente
É uma força atraindo a intercessão do Céu!...

MARIA DOLORES

Médium: Francisco Cândido Xavier

Do Livro: “A vida conta”, edição CEU. 

Endireitai os caminhos

Endireitai os caminhos*

Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías. – João Batista: (João, 1:23)
          
        A exortação do Precursor permanece no ar, convocando os homens de boa vontade à regeneração das estradas comuns.

Em todos os tempos, observamos que se candidatam a fé, que anseiam pelos benefícios do Cristo. Clamam pela sua paz, pela Presença Divina e, por vezes, após transformarem os melhores sentimentos em inquietação injusta, acabam desanimadas e vencidas.

Onde está Jesus que não lhes veio ao encontro dos rogos sucessivos? Em que esfera longínqua permanecerá o Senhor, distante de suas amarguras? Não compreendem que, por intermédio de mensageiros generosos de seu amor, o Cristo se encontra, em cada dia, ao lado de todos os discípulos sinceros. Falta-lhes dedicação ao bem de si mesmos. Correm ao encalço do Mestre Divino, desatentos ao conselho de João: “endireitai os caminhos”.

            Para que alguém sinta a influência santificadora do Cristo, é preciso retificar a estrada em que tem vivido. Muitos choram em veredas do crime, lamentam-se nos resvaladouros do erro sistemático, invocam o céu sem o desapego às paixões avassaladoras do campo material. Em tais condições, não é justo dirigir-se a alma ao Salvador, que aceitou a humilhação e a cruz sem queixas de qualquer natureza.
   
         Se queres que Jesus venha santificar as tuas atividades, endireita os caminhos da existência, regenera os teus impulsos. Desfaze as sombras que te rodeiam e senti-lo-ás, ao teu lado, com a sua benção.

*= grifos nossos

Fonte:


Caminho, verdade e vida / pelo Espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 29 ed. – 1 imp. – Brasília; FEB, 2015. 393 p.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Renumeração Espiritual

REMUNERAÇÃO ESPIRITUAL

Espírito: Emmanuel
Psicografia: Francisco Cândido Xavier

O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos.”
Paulo – Timóteo, 2:6

Além do salário amoedado o trabalho se faz invariavelmente, seguido de remuneração espiritual respectiva, da qual salientamos alguns dos itens mais significativos: acende a luz da experiência; ensina-nos a conhecer as dificuldades e problemas do próximo, induzindo-nos, por isso mesmo, a respeitá-lo; promove a auto-educação; desenvolve a criatividade e a noção de valor do tempo; imuniza contra os perigos da aventura e do tédio; estabelece apreço em nosso área de ação; dilata o entendimento; amplia-nos o campo das relações afetivas; atrai simpatia e colaboração; extingue, a pouco e pouco, as tendências inferiores que ainda estejamos trazendo de existências passadas.

Quando o trabalho, no entanto, se transforma em prazer de servir, surge o ponto mais importante da remuneração espiritual: toda vez que a Justiça Divina nos procura no endereço exato para execução das sentenças que lavramos contra nós próprios, segundo as leis de causa e efeito, se nos encontra em serviço ao próximo, manda a Divina Misericórdia que a execução seja suspensa, por tempo indeterminado.

E, quando ocorre, em momento oportuno, o nosso contato indispensável com os mecanismos da Justiça Terrena, eis que a influência de todos aqueles a quem, porventura, tenhamos prestado algum beneficio aparece em nosso auxílio, já que semelhantes companheiros se convertem espontaneamente em advogados naturais de nossa causa, amenizando as penalidades em que estejamos incursos ou suprindo-as, de todo, se já tivermos resgatado em amor aquilo que devíamos em provação ou sofrimento, para a retificação e tranqüilidade em nós mesmos.

Reflitamos nisso e concluamos que trabalhar e servir, em qualquer parte, ser-nos-ão sempre apoio constante e promoção à Vida Melhor.

 Francisco Cândido Xavier –

Fonte - Livro: “Perante Jesus” - Edição IDEAL

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Evangelho no Lar

Roteiro para Evangelho no Lar

- Escolha um dia e horário na semana;

- Coloque um recipiente com água para ser fluidificada;

- Eleve o pensamento a  Deus e faça uma prece simples e espontânea, rogando proteção e inspiração;

- Faça a leitura de um trecho de O Evangelho Segundo o Espiritismo;

- Comente com os demais participantes sobre o assunto lido;

- Faça uma prece a Deus e a Jesus em favor dos mais necessitados, dos parentes, dos amigos, pela harmonia no lar, em favor da paz mundial, e de agradecimento pelo amparo dos Benfeitores Espirituais;

- Após, sirva a água fluidificada aos participantes.

Links:

http://idelivraria.com.br/?modulo=Download para downloads de obras básicas do Espiritismo e do roteiro








terça-feira, 25 de julho de 2017

Prece de Cáritas

"Prece de Cáritas 

Deus, nosso Pai, que sois todo poder e bondade, dai a força àqueles que passam pela provação, dai a luz àquele que procura a verdade, ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.

Deus! Dai ao viajor a estrela guia, ao aflito a consolação, ao doente o 
repouso.

Pai! Dai ao culpado o arrependimento, ao Espírito a verdade, à criança o guia, ao órfão o pai.

Senhor! Que vossa bondade se estenda sobre tudo que criastes.

Piedade, Senhor, para aqueles que vos não conhecem, esperança para aqueles que sofrem.

Que a vossa bondade permita aos espíritos consoladores derramarem por toda a parte a paz, a esperança e a fé.

Deus! Um raio, uma faísca do vosso amor pode abrasar a terra; deixai-nos beber nas fontes dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores se acalmarão.

Um só coração, um só pensamento subirá até vós, como um grito de reconhecimento e de amor.

Como Moisés sobre a montanha, nós vos esperamos com os braços abertos, oh! Bondade, oh! Beleza, oh! Perfeição, e queremos de alguma sorte merecer a vossa misericórdia.

Deus! Dai-nos a força de ajudar o progresso a fim de subirmos até vós; dai-nos a caridade pura, dai-nos a fé e a razão; dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas o espelho onde se refletirá a Vossa Imagem.” 

(Nota - Este texto foi colhido no livro “Preces do Evangelho Segundo o Espiritismo”, por Alllan Kardec. Tradução atualizada por Torriere Guimarães, revista por Carlos Imbassahy. Editora Lake – Livraria Allan Kardec Editora S.A. São Paulo.)

Fonte: https://espiritualismoeespiritismo.blogspot.com.br/p/prece-de-carita-comentada.html 

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Filhos e servos

Filhos e servos*

Ora, o servo não fica para sempre na casa; o filho fica para sempre. - Jesus. (João, 8:35.)

Na sua exemplificação, ensinou-nos Jesus como alcançar o título de filiação a Deus.
O trabalho ativo e incessante, o desprendimento dos interesses inferiores do mundo, a perfeita submissão aos Desígnios divinos, constituíram traços fundamentais de suas lições na Terra.
            Muitos homens, notáveis por sua bondade, pelo caráter adamantino, sacerdotes dignos e crentes sinceros, poderão ser dedicados servos do Altíssimo. Mas o Cristo induziu ser mais alguma coisa. Convidou-nos a ser filhos, esclarecendo que ficam “para sempre na casa”.

            E os servos? Esses, muita vez, experimentam modificações. Nem sempre permanecerão, ao lado do Pai.

            Mas não é a Terra igualmente uma dependência, ainda que humilde, da casa de Deus? Aí palpita a essência da lição.

            O Mestre aludiu aos servos como pessoas suscetíveis de vários interesses próprios. Os filhos, todavia, possuem interesses em comum com o Pai. Os primeiros, servindo a Deus e a si mesmos, porque como servidores aguardam remuneração, podem sofrer ansiedades, aflições, delírios e dores ásperas. Os filhos, porém, estão sempre “na casa”, isto é , permanecerão em paz, superiores às circunstâncias mais duras, porquanto reconhecem, acima de tudo, que pertencem a Deus.   

*= grifos nossos

Fonte:


Caminho, verdade e vida / pelo Espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 29 ed. – 1 imp. – Brasília; FEB, 2015. 393 p.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

A lição dos chuchus

A lição dos chuchus

Dona Maria pena, que era viúva do Raimundo, irmão do Chico, julgava que este era um mão aberta...

Não era muito crente do dar sem receber. E, certa manhã, em que, sobremodo, sentia a missão do Médium, que muito estimava, disse-lhe:

- Chico, não acredito muito nas suas teorias de servir, de ajudar, de dar e dar sempre, sem uma recompensa. Não vejo nada que você recebe em troca do que faz, do que dá, do que realiza...

- Mas, tudo quanto fazemos com sinceridade e amor no coração, Deus abençoa. E, sempre que distribuímos, que damos com a direita sem a esquerda ver, fazermos uma boa ação e, mais cedo ou mais tarde, receberemos a resposta do Pai. Pode crer que quem faz o bem, além de viver no bem, colhe o bem.

- Então, vamos experimentar. Tenho aqui dois chuchus. Se alguém aqui aparecer, vou lhos dar e quero ver se, depois, recebo outros dois...

Ainda bem não acabara de falar, quando a vizinha do lado esquerdo, pelo muro, chama:

- Dona Maria, pode me dar ou emprestar uns dois chuchus?

- Pois não, minha amiga, aqui os tem, faça deles um bom guisado.

Daí a instante, sem que pudesse refazer-se da surpresa que tivera, a vizinha do lado direito, também pelo muro, ofereceu quatro chuchus a Dona Maria.

Meia hora depois, a vizinha dos fundos pede a Dona Maria uns chuchus e esta a presenteia com os quatro que ganhara.

A vizinha da frente, quase em seguida, sem que soubesse o que acontecia, oferece à cunhada do nosso querido Médium, oito chuchus.

Por fim, já sentindo a lição e agindo seriamente, Dona Maria é visitada por uma amiga de poucos recursos econômicos.

Demora-se um pouco, o tempo bastante para desabafar sua pobreza.

À saída, recebe, com outros mantimentos, os oito chuchus...

E Dona Maria diz para o Chico:

- Agora quero ver se ganho dezesseis chuchus, era só o que faltava para completar essa brincadeira...

Já era tarde.

Estava na hora de regressar ao serviço e Chico partiu, tendo antes enviado à prezada irmã um  sorriso amigo e confiante, como a dizer-lhe:  - “Espere e verá”.

Aí pelas dezoito horas, regressou o Chico à casa.

Nada havia sucedido com relação aos chuchus...

Dona Maria olhava para o Chico com ar de quem queria dizer: “Ganhei ou não?...” 

Às vinte horas, todos na sala, juntamente com o Chico, conversam e nem se lembram mais do caso dos chuchus, quando alguém bate à porta.

Dona Maria atende.

Era um senhor idoso, residente na roça.

Trazia no seu burrinho uns pequenos presentes para Dona Maria, em retribuição às refeições que sempre lhe dá, quando vem à cidade.

Colocou à porta um pequeno saco.

Dona Maria abre-o nervosa e curiosamente.

Estava repleto de chuchus...

Contou-os: sessenta e quatro: Oito vezes mais do que havia, ultimamente, dado...

Era demais...

A graça, em forma de lição, excedia à expectativa, era mais do que esperava.

E, daí por diante, Dona Maria compreendeu que aquele que dá recebe sempre mais.

Fonte:

Lindos casos de Chico Xavier. Ramiro Gama. Ilustrações de Miranda Junior – 19ª edição – São Paulo, LAKE – 2000.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Diferenças

Diferenças*

“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.”  – Jesus. (João, 13:35.)

Nas variadas escolas do Cristianismo, vemos milhares de pessoas que, de alguma sorte, se ligam ao Mestre e Senhor.

Há corações que se desfazem nos louvores ao Grande Médico, exaltando a intercessão divina nos acontecimentos em que se reconheceram favorecidos, mas não passam das afirmativas espetaculares, qual se vivessem indefinidamente mergulhados em maravilhosas visões.

São os simplesmente beneficiários e sonhadores.

Há temperamentos ardorosos que impressionam da tribuna, através de preleções eruditas e comoventes, em que relacionam a posição do Grande Renovador, na religião, na filosofia e na história, não avançando, contudo, além dos discursos preciosos.

São os simplesmente sacerdotes e pregadores.

Há inteligências primorosas que vazam páginas sublimes de crença consoladora, arrancando lágrimas de emoção aos leitores ávidos de conhecimento revelador, todavia, não ultrapassam o campo do beletrismo religioso.

São os simplesmente os escritores e intelectuais.

Todos guardam recursos e méritos especializados.

Existe, no entanto, nos trabalhos da Boa Nova, um tipo de cooperador diferente.
Louva ao Senhor com pensamentos, palavras e atos, cada dia.

Distribui o tesouro do bem, por intermédio do verbo consolador, sempre que possível.

Escreve conceitos edificantes, em torno do Evangelho, toda vez que as circunstâncias lho permitem.

Ultrapassa, porém, toda pregação falada e escrita, agindo incessantemente na sementeira do bem, em obras de sacrifício próprio e de amor puro, nos moldes de ação que o Cristo nos legou. Não pede recompensa, não pergunta por resultados, não se sintoniza com o mal. 

Abençoa e ajuda sempre.

Semelhante companheiro é conhecido por verdadeiro discípulo do Senhor, por muito amar.

*= grifos nossos.

Fonte:


Fonte viva  / pelo Espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 16 ed. Brasília; FEB, 1956. 415 p.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

O cego de Jericó

O cego de Jericó*

Dizendo: - Que queres que te faça? – E ele respondeu: - Senhor, que eu veja. (Lucas, 18:41.)
           
O cego de Jericó é uma das grandes figuras do ensinamento evangélico.

Informa-nos a narrativa de Lucas que o infeliz andava pelo caminho, mendigando... Sentindo a aproximação do Mestre, põe-se a gritar, implorando misericórdia.

Irritam-se os populares, em face de tão insistentes rogativas. Tentam impedi-lo, recomendando-lhe calar as solicitações. Jesus, contudo, ouve-lhe a súplica, aproxima-se dele e interroga com amor:

- Que queres que te faça?

À frente do magnânimo dispensador dos bens divinos, recebendo liberdade tão ampla, o pedinte sincero responde apenas isto:

- Senhor, que eu veja!

O propósito deste cego honesto e humilde deveria ser o nosso em todas as circunstâncias das vida.

Mergulhados na carne ou fora dela, somos, às vezes, esse mendigo de Jericó, esmolando às margens da estrada comum. Chama-nos a vida, o trabalho apela para nós, abençoa-nos a luz do conhecimento, mas permanecemos indecisos, sem coragem de marchar para a realização elevada que nos compete atingir. E, quando surge a oportunidade de nosso encontro espiritual com o Cristo, além de sentirmos que  o mundo se volta contra nós, induzindo-nos à indiferença, é muito raro sabermos pedir sensatamente.  

Por isso mesmo, é muito valiosa a recordação do pobrezinho mencionado no versículo de Lucas, porquanto não é preciso que compareçamos diante do Mestre com volumosa bagagem de rogativas. Basta que lhe peçamos o dom de ver, com a exata compreensão das particularidades do caminho evolutivo. Que o Senhor, portanto, nos faça enxergar todos os fenômenos e situações, pessoas e coisas, com amor e justiça, e possuiremos o necessário à nossa alegria imortal.


*= Grifos nossos

Fonte:

Caminho, verdade e vida / pelo Espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 29 ed. – 1 imp. – Brasília; FEB, 2015. 393 p.




domingo, 16 de julho de 2017

Intuição

Intuição*

Porque a profecia jamais foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo. (II Pedro, 1:21.)
           
Todos os homens participam dos poderes da intuição, do divino tabernáculo da consciência, e todos podem desenvolver suas possibilidades neste sentido, no domínio da elevação espiritual. Não são fundamentalmente necessárias as grandes manifestações da mediunicamente para que se estabeleçam movimentos de intercâmbio entre os planos visível e invisível.

Todas as noções que dignificam a vida humana vieram da esfera superior. E essas ideias nobilitantes não se produziram por vontade de homem algum, porque os raciocínios propriamente terrestres sempre se inclinam para a materialidade no seu arraigado egoísmo.

A revelação divina, significando o que a humanidade possui de melhor, é cooperação da espiritualidade sublime, trazida às criaturas pelos colaboradores de Jesus, por meio da exemplificação, dos atos e das palavras dos homens retos que, a golpes de esforço próprio, quebram os círculos de vulgaridade que os rodeia, tornando-se instrumentos de renovação necessária.

A faculdade intuitiva é instituição universal. Por meio de seus recursos, recebe o homem terrestre as vibrações da vida mais alta, em contribuições religiosas, filosóficas, artísticas e científicas, ampliando conquistas sentimentais e culturais, colaboração essa que se verifica sempre, não pela vontade da criatura, mas pela concessão de Deus.  


*= Grifos nossos

Fonte:


Caminho, verdade e vida / pelo Espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 29 ed. – 1 imp. – Brasília; FEB, 2015. 393 p.

sábado, 15 de julho de 2017

Reuniões Cristãs

Reuniões Cristãs

Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas da casa onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus e pôs-se no meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco. (João, 20:19)

Desde o dia da ressurreição gloriosa do Cristo, a humanidade terrena foi considerada digna das relações com a espiritualidade.

O Deuteronômio proibira terminantemente o intercâmbio com os que houvessem partido pelas portas da sepultura, em vista da necessidade de afastar a mente humana de cogitações prematuras. Entretanto, Jesus, como suavizara a antiga lei da justiça inflexível com o perdão de um amor sem limites, aliviou as determinações de Moisés, vindo ao encontro dos discípulos saudosos.

Cerradas as portas, para que as vibrações tumultuosas dos adversários gratuitos não perturbassem o coração dos que anelavam o convívio divino, eis que surge o Mestre muito amado, dilatando as esperanças de todos na vida eterna. Desde essa hora inolvidável, estava instituído o movimento de troca, entre o mundo invisível e o visível

A família cristã, em seus vários departamentos, jamais passaria sem o doce alimento de suas reuniões carinhosas e íntimas. Desde então, os discípulos se reuniriam, tanto nos cenáculos de Jerusalém, com nas catacumbas de Roma. E, nos tempos modernos, a essência mais profunda dessas assembléias é sempre a mesma, seja nas igrejas católicas, nos templos protestantes e nos centros espíritas.

O objetivo é um só: procurar a influenciação dos planos superiores, com a diferença de que, nos ambientes espiritistas, a alma pode saciar-se, com mais abundância, em vôos mais altos, por se conservar afastada de certos prejuízos do dogmatismo e do sacerdócio organizado.      


*= Grifos nossos

Fonte:


Caminho, verdade e vida / pelo Espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 29 ed. – 1 imp. – Brasília; FEB, 2015. 393 p.

O Sustento do Corpo e do Espírito

O Sustento do Corpo e do Espírito*


Certo aprendiz, em conversa com o Professor, queixou-se de grande incapacidade para reter as lições.

Sentia-se sonolento, desmemoriado.

Ao cabo de alguns instantes de leitura, esquecia de todo os textos mais importantes, ainda mesmo os que se referissem às suas mais prementes necessidades.

Que fazer para evitar a perturbação?

Travou-se então entre os dois o seguinte diálogo:

- Meu filho, quando tens sede, foges do copo d´água?

- Impossível. Morreria torturado.

- Quando nu, abandonas a veste?

- De modo algum. Não dispenso o agasalho.

- Esqueces de levar o alimento à boca, ao te apresentarem a refeição?

- Nunca. Como poderia andar sem comer?

- Pois também não podes viver sem educação – concluiu o orientador.

Lembra-te dessa verdade e estarás acordado para os ensinamentos de nossos mestres.

O mentor do grupo esboçou silencioso gesto de bom-humor e salientou:

- Nossa alma precisa estudar e conhecer, tanto nosso corpo necessita de respirar e nutrir-se.


*=grifos nossos


Fonte:


Antologia da criança / pelo Espírito MeiMei; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. FEB, 2016.


sexta-feira, 14 de julho de 2017

Vidas sucessivas

Vidas sucessivas*


Não te maravilhes de te haver dito: - Necessário vos é nascer de novo.  – Jesus. (João, 3:7.)

 
A palavra de Jesus a Nicodemos foi suficientemente clara.

Desviá-la para interpretações descabidas pode ser compreensível no sacerdócio organizado, atento às injunções da luta humana, mas nunca nos espíritos amantes da verdade legítima.

A reencarnação é lei universal.

Sem ela, a existência terrena representaria turbilhão de desordem e injustiça; à luz de seus esclarecimentos, entendemos todos os fenômenos dolorosos do caminho.

O homem não percebeu toda a extensão da misericórdia divina, nos processos de resgate e reajustamento.

Entre os homens, o criminoso é enviado a penas cruéis, seja pela condenação à morte ou a sofrimentos prolongados.

A Providência, todavia, corrige, amando... Não encaminha os réus a prisões infectas e úmidas. Determina somente que os comparsas de dramas nefastos troquem a vestimenta carnal e voltem ao palco da atividade humana, de modo a se redimirem, uns à frente dos outros.

Para a Sabedoria magnânima, nem sempre o que errou é um celerado, como nem sempre a vítima é pura e sincera. Deus não vê apenas a maldade que surge à superfície do escândalo; conhece o mecanismo sombrio de todas as circunstâncias que provocaram um crime.

O algoz integral como a vítima integral são desconhecidos do homem; o Pai, contundo, identifica as necessidades de seus filhos e reúne-os, periodicamente, pelos laços de sangue ou na rede dos compromissos edificantes, a fim de que aprendam a lei do amor, entre as dificuldades e as dores do destino, com a benção de temporário esquecimento.       
 
link: https://www.lds.org/bible-videos/videos/jesus-teaches-of-being-born-again?lang=por 


*= grifos nossos


Fonte:


Caminho, verdade e vida / pelo Espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 29 ed. – 1 imp. – Brasília; FEB, 2015. 393 p.