quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Chico - reflexões de Ano Novo

Chico – reflexões de ano novo*

Anotei o que Chico nos disse, certa vez:

- Estamos numa doutrina de muitos contatos... Temos oportunidade de fazer muitos amigos... O trabalho a ser desenvolvido é imenso... Temos a crença na imortalidade, o intercâmbio com os irmãos desencarnados, o conhecimento do Evangelho... A visão que o Espiritismo nos proporciona da Vida é maravilhosa... Compreendemos a função da dor e adentramos a causa das provações humanas... Oramos, sabendo que a prece é o nosso fio de ligação com Deus... As nossas perspectivas para o futuro da Humanidade são as melhores... A nossa fé  é um tesouro! Mas, se somos muito requisitados, se temos muitos envolvimentos doutrinários, muitas tarefas, compromissos, mediunidade, não podemos nos esquecer de que o momento do testemunho é uma hora extremamente solitária... A vivência cotidiana do Evangelho é pessoal; nem os espíritos poderão substituir-nos, quando formos chamados à aplicação de tudo quanto já sabemos ou, pelo menos, supomos saber... Este é o problema fundamental do espírita – a sua própria renovação! O espírita que não se melhora não está assimilando a Doutrina. Dizem que eu tenho escrito muitos livros... Tudo é obra dos Espíritos Amigos. De fato, tenho recebido muita coisa, mas Emmanuel tem me ensinado que nenhum que eu possa ter recebido ou que venha a receber vale pelo que eu esteja fazendo de minha própria vida... Tenho visto tantos médiuns preocupados em escrever, em publicar livros... Tudo muito justo – devemos fazer pela divulgação da Doutrina o que pudermos; no entanto, depois de tantos livros publicados, digo a vocês que a minha luta maior continua sendo comigo mesmo... Tantos conflitos entre os companheiros de ideal, tantas disputas, tanta cizânia... Ora, após a desencarnação, só poderemos recorrer às nossas próprias obras... Os benfeitores espirituais, por mais queiram, nada poderão fazer que nos altere a realidade... No Espiritismo, ninguém faz mais do que aquele que se esforça para viver conforme crê – ou seja, colocando em prática a lição... As ações são minhas, mas os livros pertencem aos espíritos!... Não posso reivindicar a obra de Emmanuel para mim... Eu não fiz nada! O médium não passa de instrumento... Dei apenas do meu tempo, e muito pouco: poderia ter dado mais, dormido menos, me preocupado menos com os outros, mormente com aqueles que sempre criticaram as minhas imperfeições no trabalho dos espíritos... Tenho receio de ver a minha ficha no Mundo Espiritual... Não vou pedir para ver coisa alguma... Se eu puder continuar trabalhando, renderei graças! A Misericórdia Divina há de me possibilitar continuar rastejando para a frente... Rastejando sim, mas para a frente!... Não posso mais pensar em retrocesso... Então, eu não compreendo tanta vaidade, tanta pretensão... Vamos preocupar-nos com os outros, mas para auxiliar...

Sem acrescentar palavras às palavras do nosso Chico, entrego-as aos nossos irmãos de ideal, por indispensável convite à reflexão, no ano a iniciar-se e ensejar o fim do 2º milênio.

*= grifos nossos

Fonte: Bacelli, Carlos Antônio. Chico Xavier o Apóstolo da Fé - 75 anos de mediunidade – Uberaba, MG: Liv. Espírita Edições “Pedro e Paulo”, 2002. 176p.

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