Reino de Deus*
(...)
- Galileu, o
que fazes na cidade?
- Passo por Jerusalém, buscando a fundação do
reino de Deus! – exclamou o Cristo, com modesta nobreza.
- Reino de
Deus? – tornou o sacerdote com acentuada ironia. – E que pensas tu venha a ser
isso?
- Esse reino é a obra divina no coração dos
homens! – esclareceu Jesus, com grande serenidade.
- Obra
divina em tuas mãos? – revidou Hanã, com uma gargalhada de desprezo.
E, continuando as suas observações irônicas,
perguntou:
- Com que
contas para levar avante essa difícil empresa? Quais são os teus seguidores e
companheiros?... Acaso terás conquistado o apoio de algum príncipe desconhecido
e ilustre, para auxiliar-te na execução de teus planos?
- Meus companheiros hão de chegar de todos os
lugares – respondeu o Mestre com humildade.
- Sim –
observou Hanã -, os ignorantes e os tolos estão em toda parte na Terra.
Certamente que esse representará o material de tua edificação. Entretanto,
propões-te realizar uma obra divina e já viste alguma estátua perfeita modelada
em fragmentos de lama?
- Sacerdote – replicou-lhe Jesus, com
energia serena -, nenhum mármore existe
mais puro e mais formoso do que o do sentimento, e nenhum cinzel é superior ao
da boa vontade sincera.
Impressionado
com a resposta firme e inteligente, o famoso juiz ainda interrogou:
- Conheces
Roma ou Atenas?
- Conheço o Amor e a Verdade – disse
Jesus convictamente.
- Tens
ciência dos códigos da Corte Provincial e das leis do Templo? – inquiriu Hanã,
inquieto.
- Sei qual é a vontade de meu Pai que está
nos céus – respondeu o Mestre, brandamente.
O sacerdote
o contemplou irritado e, dirigindo-lhe um sorriso de profundo desprezo,
demandou a Torre Antonia, em atitude de orgulhosa superioridade.
(...)
*= grifos
nossos
Fonte: CAMPOS, Humberto de (Espírito). Boa-Nova / pelo
Espírito Humberto de Campos; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 37.
ed. – 9. imp. – Brasília: FEB, 2017. 221 p.
Nenhum comentário:
Postar um comentário