sábado, 26 de dezembro de 2020

Inconstantes

 

Inconstantes*

 

Porque o que duvida é semelhante à onda do mar; que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte.  (Tiago, 1:6.)

            Inegavelmente existe uma dúvida científica e filosófica no mundo que, alojada em corações leais, constitui precioso estímulo à posse de grandes e elevadas convicções; entretanto, Tiago refere-se aqui à inconstância do homem que, procurando receber os benefícios divinos, na esfera das vantagens particularistas, costuma perseguir variadas situações no terreno da pesquisa intelectual sem qualquer propósito de confiar nos valores substanciais da vida.

            Quem se preocupa em transpor diversas portas, em movimento simultâneo, acaba sem atravessar porta alguma.

            A leviandade prejudica as criaturas em todos os caminhos, mormente nas posições de trabalho, nas enfermidades do corpo e nas relações afetivas.

            Para que alguém ajuíze com acerto, com respeito a determinada experiência, precisa enumerar quantos anos gastou dentro dela, vivendo-lhe as características.

            Necessitamos, acima de tudo, confiar sinceramente na Sabedoria e na Bondade do Altíssimo, compreendendo que é indispensável perseverar com alguém ou com alguma causa que nos ajude e edifique.

            Os inconstantes permanecem figurados na onda do mar, absorvida pelo vento e atirada de uma para outra parte.

            Quando servires ou quando aguardares as bênçãos do Alto, não te deixes conduzir pela inquietude doentia. O Pai dispõe de inumeráveis instrumentos para administrar o bem e é sempre o mesmo Senhor paternal, através de todos eles. A dádiva chegará, mas depende de ti, da maneira de procederes na luta construtiva, persistindo ou não na confiança, sem a qual o divino Poder encontra obstáculos naturais para exprimir-se em teu caminho.

 

Fonte:

Pão nosso / pelo Espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 1. ed. 10. imp. - Brasília; FEB, 2016. 407 p.

Hegemonia de Jesus

 

Hegemonia de Jesus*

 

Disse-lhes Jesus: - Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou.

(João, 8:58.)

 

É impossível localizar o Cristo na História, à maneira de qualquer personalidade humana.

A divina revelação de que foi Emissário excelso e o harmonioso conjunto de seus exemplos e ensinos falam mais alto que a mensagem instável dos mais elevados filósofos que visitaram o mundo.

Antes de Abraão, ou precedendo os grandes vultos da sabedoria e do amor na História mundial, o Cristo já era o luminoso centro das realizações humanas. De sua misericórdia partiram os missionários da luz que, lançados ao movimento da evolução terrestre, cumpriram, mais ou menos bem, a tarefa redentora que lhes competia entre as criaturas, antecedendo as eternas edificações do Evangelho.

A localização histórica de Jesus recorda a presença pessoal do Senhor da Vinha. O Enviado de Deus, o Tutor amoroso e sábio, veio abrir caminhos novos e estabelecer a luta salvadora para que os homens reconheçam a condição de eternidade que lhes é própria.

Os filósofos e amigos ilustres da Humanidade falaram às criaturas, revelando em si uma luz refratada, como a do satélite que ilumina as noites terrenas; os apelos desses embaixadores dignos e esclarecidos são formosos e edificantes; todavia, nunca se furtam à mescla de sombras.

A vinda do Cristo, porém, é diversa. Em sua Presença divina, temos a fonte da verdade positiva, o sol que resplandece.           


*= grifos nossos 

Fonte:

Caminho, verdade e vida / pelo Espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 29 ed. – 1 imp. – Brasília; FEB, 2015. 393 p.

sábado, 12 de dezembro de 2020

O diabo

 O diabo*

Respondeu-lhe Jesus: não vos escolhi a vós, os doze? E um de vós é diabo. - (João, 6:70)

Quando a teologia se reporta ao diabo, o crente imagina, de imediato, o senhor absoluto do mal, dominando num inferno sem fim.

 

Na concepção do aprendiz, a região amaldiçoada localiza-se em esfera distante, no seio de tormentosas trevas...

 

Sim, as zonas purgatoriais são inúmeras e sombrias, terríveis e dolorosas; entretanto, consoante a afirmativa do próprio Jesus, o diabo partilhava os serviços apostólicos, permanecia junto dos aprendizes e um deles se constituíra em representação do próprio gênio infernal. Basta isto para que nos informemos de que o termo “diabo” não indicava, no conceito do Mestre, um gigante de perversidade, poderoso e eterno, no espaço e no tempo. Designa o próprio homem quando algemado às torpitudes do sentimento inferior.

 

Daí concluirmos que cada criatura humana apresenta certa percentagem de expressão diabólica na parte inferior da personalidade.

 

Satanás simbolizará a força contrária ao bem.

 

Quando o homem o descobre, no vasto mundo de si mesmo, compreende o mal, dá-lhe combate, evita o inferno íntimo e desenvolve as qualidades divinas que o elevam à espiritualidade superior.

 

Grandes multidões mergulham em desesperos seculares, porque não conseguiram ainda identificar semelhante verdade.

 

E, comentando esta passagem de João, somos compelidos a ponderar: “Se, entre os doze apóstolos, um havia que se convertera em diabo, não obstante a missão divina do círculo que se destinava à transformação do mundo, quantos existirão em cada grupo de homens comuns na Terra?”

 

 

*= grifos nossos

 

 

Fonte:

 

Pão nosso / pelo Espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 1. ed. 10. imp. - Brasília; FEB, 2016. 407 p.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Seguir a verdade

 

Seguir a verdade*

Antes, seguindo a verdade em caridade, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo.  – Paulo (Efésios, 4:15)

Porque a verdade participa igualmente da condição relativa, inúmeros pensadores enveredam pelo negativismo absoluto, convertendo o materialismo em zona de extrema perturbação intelectual.

 

Como interpretar a verdade, se ela parece tão esquiva aos métodos de apreciação comum?

 

Alardeando superioridade, o cientista oficioso assevera que o real não vai além das formas organizadas, à maneira do fanático que só admite revelação divina no círculo dos dogmas que abraça.

 

Paulo, no entanto, oferece indicação proveitosa aos que desejam penetrar o domínio do mais alto conhecimento.

 

É necessário seguir a verdade em caridade, sem o propósito de encarcera-la na gaiola da definição limitada.

 

Convertamos em amor os ensinamentos nobres recebidos. Verdade somada com caridade apresenta o progresso espiritual por resultante do esforço. Sem que atendamos a semelhante imperativo, seremos surpreendidos por vigorosos obstáculos no caminho da sublimação. Necessitamos crescer em tudo o que a experiência nos ofereça de útil e belo para a eternidade, com o Cristo, mas não conseguiremos a realização, sem transformarmos, diariamente, a pequena parcela de verdade possuída por nós em amor aos semelhantes.

 

A compreensão pede realidade, tanto quanto a realidade pede compreensão.

 

Sejamos, pois, verdadeiros, mas sejamos bons.

 

 

 

*= grifos nossos

 

 

Fonte:

 

Pão nosso / pelo Espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 1. ed. 10. imp. - Brasília; FEB, 2016. 407 p.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Melhor sofrer no bem

 Melhor sofrer no bem*

Porque melhor é que padeçais fazendo bem (se a vontade de Deus assim o quer) do que fazendo mal. – Pedro  (I Pedro, 3:17)

Para amealhar recursos financeiros que será compelido a abandonar precipitadamente, o homem muitas vezes adquire deploráveis enfermidades, que lhe corroem os centros de força, trazendo a morte indesejável.

 

Comprando sensações efêmeras para o corpo de carne, comumente recebe perigosos males que os acompanham até os últimos dias no veículo que se movimenta na Terra.

 

Encolerizando-se por insignificantes lições do caminho, envenena órgãos vitais, criando fatais desequilíbrios à vida física.

 

Recheando o estômago, em certas ocasiões, estabelece a viciação de aparelhos importantes da instrumentalização fisiológica, renunciando à perfeição do vaso carnal pelo simples prazer da gula.

 

Por que temer os percalços da senda clara do amor e da sabedoria, se o trilho escuro do ódio e da ignorância permanece repleto de forças vingadoras e perturbantes?

 

Como recear o cansaço e o esgotamento, as complicações e as incompreensões, os conflitos e os desgostos decorrentes da abençoada luta pela suprema vitória do bem, e o combate pelo triunfo provisório do mal conduz os batalhadores a tributos aflitivos de sofrimento?

 

Gastemos nossas melhores possibilidades a serviço do Cristo, empenhando-lhe nossas vidas.

 

A arma criminosa que se quebra e a medida repugnante consumada provocam sempre maldição e sombra, mas para o servo dilacerado no dever e para a lâmpada que se apaga no serviço iluminativo reserva-se destino diferente.

 

*= grifos nossos

 

 

Fonte:

 

Pão nosso / pelo Espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 1. ed. 10. imp. - Brasília; FEB, 2016. 407 p.