domingo, 14 de março de 2021

De madrugada

 

De madrugada*


E no primeiro dia da semana Maria Madalena foi ao sepulcro, de madrugada, sendo ainda escuro, e via a pedra removida do sepulcro. – (João, 20:1)

 

         Não devemos esquecer a circunstância em que Maria de Magdala recebe a primeira mensagem da ressurreição do Mestre.

         No seio de perturbações e desalentos da pequena comunidade, a grande convertida não perde tempo em lamentações estéreis nem procura o sono do esquecimento.

         Os companheiros haviam quebrado o padrão de confiança. Entre o remorso da própria defecção e a amargura pelo sacrifício do Salvador, cuja lição sublime ainda não conseguiam apreender, confundiam-se em atitudes negativas. Pensamentos contraditórios e angustiados azorragavam-lhes os corações.

         Madalena, contudo, rompe o véu de emoções dolorosas que lhe embargam os passos. É imprescindível não sucumbir os fardos, transformando-os, acima de tudo, em elemento básico na construção espiritual, e Maria resolve não se acovardar ante a dor. Porque o Cristo fora imolado na cruz, não seria lícito condenar-lhe a memória bem-amada ao olvido ou à indiferença.

         Vigilante, atenta a si mesma, antes de qualquer satisfação a velhos convencionalismos, vai ao encontro do grande obstáculo que se constituía do sepulcro, muito cedo, precedendo o despertar dos próprios amigos, e encontra a radiante resposta da Vida eterna.

         Rememorando esse acontecimento simbólico, recordemos nossas antigas quedas, por havermos esquecido o “primeiro dia da semana”, trocando, em todas as ocasiões, o “mais cedo” pelo “mais tarde”.         

 

  *= grifos nossos.

 

Fonte:

Pão nosso / pelo Espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 1 ed. – 10 imp. – Brasília; FEB, 2016. 407 p.


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