Este texto é uma transcrição da Palestra
Evangélica Doutrinária ocorrida no Grupo Antonio Casaut (GAC) da Sociedade
Beneficente Obreiros do Bem (SBOB) de Araraquara/SP, em 04 de fevereiro de 2022,
sexta-feira, às 20h00, com a Palestrante Arlett R. Celli Matheus, da SBOB, de
Araraquara/SP.
Tema: Coerência entre a Crença e o
Comportamento
Palestrante: Arlett R. Celli Matheus
Casa Espírita: Sociedade Beneficente
Obreiros do Bem (SBOB)
Cidade: Araraquara/SP
Modalidade: Híbrida
Resumo: Na charmosa e linda noite da
sexta-feira, no dia 04 de fevereiro de 2022, às 20h00, ocorreu mais uma
Palestra Evangélica Doutrinária no Grupo Antonio Casaut (GAC) da Sociedade
Beneficente Obreiros do Bem (SBOB) de Araraquara/SP. O GAC tem estudado antes
do início da Palestra, o livro Pão Nosso, da série Fonte Viva, de psicografia
de Chico Xavier, contendo comentários do Espírito Emmanuel ao Novo Testamento.
Nesta noite, o capítulo aberto “ao acaso” foi o de número 148, intitulado Ceifeiros, em que Emmanuel comenta o
seguinte versículo de Mateus: “Então,
disse aos seus discípulos: a seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros”
(Mateus, 9:37). Após a leitura e as considerações, e feita a oração, a palavra
é dada à palestrante. A palestrante Arlett inicia agradecendo a oportunidade de
estar conosco, e a oportunidade de poder falar sobre o Evangelho de JESUS,
sobre tema tão importante e tão atual. Realmente, é necessário muito cuidado
com o que se fala, e que se prodigalize os ceifeiros de JESUS na Terra. E é
justamente sobre isso que iremos falar nesta noite. Nesta instigante situação,
a incoerência entre a crença que temos e o comportamento que apresentamos no
nosso cotidiano. Então coletei esta frase de Mateus que se refere ao que JESUS
teria dito que “Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos
Céus, mas aquele que faz a VONTADE de meu PAI que estás nos Céus”... Então ele
já começa dizendo que não adianta só reverenciar, é preciso agir, então essa
coerência, fica meio difícil, então observamos que nem sempre ela está presente
entre os cristãos. Nós somos seguidores do Cristo e embora a mensagem de JESUS
seja única, muitos são os ramos do Cristianismo, e porque tem essa divisão de
ramos, se JESUS apresentou uma mensagem ÚNICA, a mensagem do amor, a mensagem
da fraternidade, do perdão, do Reino de DEUS; foi isso que ele nos trouxe.
Mas essa divisão se deve a interpretação
dada às palavras do MESTRE. Conforme a interpretação, foram dividindo os
cristãos. E neste momento vamos focalizar os cristãos em geral e também os
cristãos espíritas. Falar em cristãos espíritas é uma redundância, é um
pleonasmo, porque ser espírita é ser cristão. Mas nem todo cristão é espírita.
Então falaremos e focalizaremos os cristãos e os cristãos espíritas também. E
veremos que embora muitos se digam seguidores do MESTRE, se digam admiradores
da sua mensagem, creiam neles, nem todos o seguem realmente, nem todos fazem
dos seus ensinamentos o seu roteiro do seu dia-a-dia. Pode-se dizer até que poucos
são coerentes com as propostas de JESUS, com as Leis Divinas que ele veio nos
revelar.
Ele veio falar do Reino de DEUS, ele
veio mostrar a supremacia da vida espiritual sobre a vida material, e é
justamente dessa valorização do espírito que torna difícil diante dos
interesses, diante do egoísmo, diante do orgulho do ser humano, à que o sigamos
plenamente e acaba dividindo os cristãos. A ideia é que quando adotamos uma
ideia, uma doutrina, uma filosofia, tudo em nós seja uma ressonância disso.
Nosso comportamento passe a corresponder a esse modo de crer, a esse modo de
pensar.
Mas essa correspondência nem sempre está
presente, é o que temos observado bastante. O comportamento humano ele está
assentado até inconscientemente nas crenças reais daquilo que realmente nós
valorizamos, nós pensamos, e por essa razão é que nós defendemos as nossas
ideias com unhas e dentes às vezes, Às vezes de maneira agressiva porque o
comportamento corresponde aquilo que está cristalizado em nós.
Assim sendo, quando nós agimos
diferentemente do que o Cristo nos preconizou, daquilo que ele nos ensinou,
significa que nós não assimilamos ainda a mensagem dele. Ela ainda não está
presente em nosso íntimo, ela ainda não penetrou no nosso modo de ser. Então
nós pensamos, achamos que seguimos de um jeito mas agimos de uma outra forma.
Nós estaremos no campo provavelmente da admiração pela mensagem cristã, da
admiração por este Profeta, por esse Missionário maravilhoso que é o Governador
de nossa Terra. Mas ainda Ele não vive em nós... Como testemunho Paulo de Tarso
após sua descoberta no caminho de Damasco quando adotando então o Cristo como
Luz em seu caminho, ele diz: “Não sou mais
eu quem vive em Cristo, é o Cristo quem vive em mim”. Então nós estamos com
a mente do Cristo viva em nós, e aí nós agiremos de acordo com tudo aquilo que
ele ensinou, aquilo que Ele preceituou. Então, não é raro nós observarmos entre
os cristãos, definido como cristãos, comportamentos anti-cristãos, pessoas
preconceituosas, anti-fraternas, agressivas, violentas, oportunistas; isto há
em todos os meios, todos nós sabemos, mas entre os cristãos, não poderia haver,
é uma incongruência muito grande, entre os que seguem o Cristo. E a história da
Humanidade ela revela tristes episódios dessa discrepância. As perseguições
religiosas, as cruzadas, os santos ofícios, as inquisições, as guerras santas,
tudo isso feito em nome de JESUS, e por aqueles que eram representantes da
ideia cristã, e que tinham um conhecimento do Evangelho do Cristo bastante
profundo, desse Cristo que ensinou justamente o contrário, que ensinou o AMOR,
o PERDÃO, o perdão tanto a amigos quanto a inimigos, a ver no semelhante um
verdadeiro irmão. Então nós vemos o quanto eles se afastaram da ideia de
Cristo. E foram esses Cristãos, que bem conheciam a doutrina de JESUS, que se
acharam no direito, em nome desse Cristo de Amor, perseguir, condenar a forca,
às fogueiras, a duras penas, impor sofrimentos àqueles cujas ideias
contrariaram os seus dogmas, os dogmas da Igreja. Então, eram considerados hereges aqueles que não pensavam igual.
[Sobre essa parte da Palestra
da Arlett, tem o filme do Giordano Bruno que ilustra bem isso; está no site https://www.espiritismo.tv/filmes/filmes-versatil/giordano-bruno/]
Foram muitos os mártires revelados pela história. Por essa mesma intolerância,
por este mesmo descompasso, com os ensinos do Mestre, ainda hoje, algumas
religiões intituladas cristãs, excomungam os que não adotam a sua fé. E estão
fazendo isso em nome do Cristo. Consideram-se donos da Verdade, únicos
reconhecidos como Filhos de DEUS, ao ponto de seus representantes afirmarem
que, quem não comunga com os seus preceitos, com as suas crenças, estão
destinados ao “inferno”, estão condenados ao inferno.
Acabam mostrando um Deus completamente
diferente, que é o Deus Nosso Pai, de Amor, Bondade, e Justiça; mostra um Deus
tendencioso, que beneficiaria os seguidores desse credo, considerados como
escolhido, como únicos detentores da Verdade. Um Deus que condenaria às trevas
eternas quem discordasse desses princípios religiosos defendidos por eles.
Então, considerando-se privilegiados em
suas crenças, em seu modo de ver, Deus, Jesus, os Céus, que eles pregavam, eles
se fidelizaram em suas igrejas a melhoria financeira, a conquista de bens
materiais, a realização financeira ou soluções afetivas, para aqueles que os
procuram, então foram essas promessas que acabaram atraindo para o seu núcleo
as pessoas não interessadas tanto em conhecer a Verdade, as Verdades que JESUS nos
trouxe, mas sim resolver os seus problemas materiais, sejam de ordem
financeira, ou afetivas. Essas religiões, com todo o respeito aos irmãos que as
professam, nós não estamos aqui julgando ninguém, estamos aqui colocando as
situações para análise, elas acabaram criando verdades particulares.
Elas criaram verdades que são mais
agradáveis aos interesses e ao egoísmo humano. Em busca de melhorias imediatas,
de bem-estar e se afastaram dos verdadeiros valores espirituais que JESUS veio
pregar e veio tentar despertar em todos nós. Parece que não ouviam o Mestre
anunciando que seu Reino não era deste mundo. Parece que não ouviam isso. E que
a condição para alcançar este Reino, para fazer parte do festim das bodas,
seria vestir a túnica nupcial. O que
seria a túnica nupcial? Seria a Reforma Interior, seria imacular o nosso
coração. [neste ponto há uma ligação incrível com a Palestra da semana
passada que está no link https://sbob.org.br/palestra-evangelica-tema-fundamentos-da-reforma-intima
ou https://www.youtube.com/watch?v=ja0IvgWfSBo].
Como um DEUS de suprema bondade e
justiça poderia discriminar seus filhos porque têm ideias diferentes, porque
interpretam diferentemente a sua mensagem... Como poderia acolher uns e
condenar os outros que Nele acreditam de forma diferente ou que nem acreditam?
DEUS não vai punir àqueles que ainda não consegue enxerga-lo na Natureza, no
dia que nasce, no sol que brilha, no sorriso da criança, na vida que nos foi
dada a viver, neste organismo perfeito, Ele não vai condená-los por isso, Ele
continuará sendo Pai Amoroso aguardando que essas criaturas possam um dia
realmente conhece-lo. Então, diante dessas situações, nós perguntamos? Como é
possível saber então se uma religião ou um religioso é realmente cristão? A
resposta óbvia é que qualquer religião cristã é aquela que não introduz
variações na mensagem de JESUS. Que prega realmente aquilo que Ele veio nos
pregar. Os seus princípios, as Leis Divinas que Ele veio revelar... E na
questão 842 de o Livro dos Espíritos, Kardec também pergunta aos Espíritos esta
mesma questão. Por quais sinais se poderia reconhecer uma religião como verdadeira?
A resposta dos Espíritos é magistral e bem clara. Dizem eles: “Será aquela religião que mais faz homens de
Bem, menos hipócritas.” Quer dizer, praticantes da Lei de Amor e Caridade
na sua maior pureza e na sua mais larga aplicação. Por esse sinal, reconheceis
que uma doutrina é boa. Porque toda doutrina que tiver por consequência semear
a desunião, estabelecer demarcação (separação) entre os homens, entre os filhos
de DEUS, ela não pode ser senão falsa e perniciosa.
Vejam bem que ele deu as características
da religião verdadeira. Esse Espírito orientador de Kardec, ele não deu nome: a
melhor religião é esta, é aquela. Ele deu as características. Aquela que
realmente segue JESUS, aquela que não altera a sua mensagem, que une os homens,
que os aproxima, que trabalha o AMOR.
Kardec ainda pergunta em outra situação
e ela vai aparecer no capítulo 17º do Evangelho Segundo o Espiritismo, no final
do item 4, quando está lá quem seria o verdadeiro cristão agora. A verdadeira
religião nós já vimos: ela não pode separar os homens, todos tem que ser vistos
como irmãos. E o verdadeiro cristão? Como reconhecer? E diz o Espírito, nos
orientando, no final do item 4 do capítulo 17 do Evangelho. “Reconhece-se o verdadeiro espírita [e
podemos dizer aqui o verdadeiro cristão em geral] pela sua transformação moral
e pelos esforços que faz domar as más inclinações.” Esta apreciação então é
geral, é para todos nós. Então o verdadeiro espírita é reconhecido pela sua
transformação moral e como não é fácil nos transformarmos, ele nos dá uma
colher de chá, e pelos esforços que faz para domar as suas más inclinações,
para ser melhor. Então o verdadeiro cristão é o que procura ser fiel aos
preceitos, as diretrizes, as orientações do Cristo, aquele que conhece as suas
imperfeições, e está disposto a melhorar-se. Quer superar-se. Procura
desenvolver o AMOR que ele admira e que ele sabe que precisa desenvolver em si,
segundo a proposta de JESUS. Pregou a todo momento o amai o próximo como a si
mesmo, tendo a nós próprios como modelo do amor que devemos ao nosso irmão de
caminhada. Então, um amor incondicional, que abrange a todos, é um
comportamento para todos os momentos.
Até aqui, tudo isso, as religiões
colocam, principalmente a Doutrina Espírita, o cristão precisaria ser coerente
com estas informações, com isso que ele entende pela razão, pelo coração. E que
quer adotar. No mundo individualista de
hoje, nós poderíamos dizer que são muitos os religiosos de carteirinha. O
que significa isso? Parece que são aqueles que vão aos templos, a Casa
Espírita, guardam a carteirinha no bolso quando saem do Centro, saem do seu
culto, saem da sua igreja, e vão para casa e agem independente daquilo que
raciocinaram, que refletiram, estiveram ali tentando ser melhores. Guardam a
carteirinha no bolso para usar até o próximo dia, no outro compromisso, na Casa
Espírita ou na Igreja em quem que eles frequentam, estão filiados. Então, às
vezes, pode acontecer até uma Palestra, um Sermão com o tema seja o Amor que
JESUS veio pregar. O orador foi brilhante, o religioso que ali estava na
plateia, saiu encantado com a palestra, ou estava na sua igreja, e admirou o
sermão do seu padre, do seu pastor, mas ao sair daquele templo, daquela casa de
orações, ele reage de forma pouco cristã, ao ser fechado no trânsito, logo
depois, ou ao ser contrariado por alguém, usando às vezes, palavras e gestos
grosseiros, evidenciando a discrepância
entre o que acabou de ouvir e aceitar e aquilo que ele vai agir em seguida na
primeira provocação.
Porque
a vida ela é cheia de provocações. A cada momento, nós mesmo envolvidos
no melhor propósito de melhoria, mas nós precisamos tomar muito cuidado com os
desafios, com as provocações, nesse momento, como diz o povo, sobe o sangue, e
a gente esquece o que tá na mente e no coração, e acabamos pondo os pés pelas
mãos. Então, são pessoas que discutem com amigo(s) ou com o familiar, porque
tem ideologias diferentes, até religiões diferentes, ideologias políticas nos
dias de hoje, aí discutem de forma raivosa, poderiam até analisar juntos, o que
um pensa, o que o outro pensa, porque ele pensa assim, não teria problema,
pode-se tocar no assunto, em assuntos diferentes, o que não pode é ter esse
clima de raiva, comprometendo o vínculo afetivo que deve existir entre as
pessoas e que existe entre amigos, entre familiares, que acaba se rompendo
devido a estes momentos. Nestes momentos então, aquele amor tão admirável, ele
está falto nessas criaturas.
O Mestre dos Mestres, conhecendo bem a
índole humana, a inferioridade que nos caracteriza, ele nos alertou sobre esta falta de coerência entre o
que dizemos crer e o que fazemos do dia-a-dia. O que fazemos realmente. Disse
JESUS: “Nem todos aqueles que dizem Senhor Senhor entrarão no Reino dos Céus,
mas somente entrará aquele que faz a vontade do Pai que está nos Céus”... Este
versículo está em Lucas e está em Mateus. Então Ele foi claro em dizer que não
são as palavras, não são as atitudes exteriores que contam, não é isso que
revela o Cristão. E sim a ação, os comportamentos diários, o modo de agir em
relação a qualquer um, ao próximo mais próximo, e ao próximo mais distante.
Então em Mateus continua ainda JESUS, em vão dirão os falsos Cristãos: “Senhor,
Senhor, não profetizamos, não expulsamos os demônios, não fizemos milagres em
Vosso Nome”? Estão reivindicando as ações que eles teriam feito em nome de
JESUS e nós também fazemos um monte de coisas em nome de JESUS. Mas JESUS não
os reconhecem como seus seguidores, como seus representantes, como seus adeptos e os contesta. “Eu não sei quem sois?” Retirai-vos de mim
vós que cometeis iniquidades, Vós que desmentís as vossas palavras e as vossas
ações, que caluniais o vosso próximo, que espoliais as viúvas, e cometeis
adultério”... Quer dizer, eles falavam, serviam a JESUS, entres aspas,
e tinham topos estes comportamentos infelizes. Então, vejamos... JESUS NÃO os
reconhecem justamente pelos comportamentos anticristãos. Não pelo que eles
faziam, e quais eram os comportamentos anticristãos? Por cometerem iniquidades,
caluniarem o próximo, entre nós é a chamada maledicência, por espoliarem as
viúvas, que naquele tempo ficavam numa situação muito fragilizada com os
filhos, e eram exploradas, eram usadas mesmo em suas misérias, na satisfação de
outras e até de representantes da igreja; então as viúvas são essa referencia
comum nos Evangelhos e se tornavam alvo comum de interesseiros principalmente.
Então JESUS os acusa de desmentir com palavras e com comportamentos, as ações
que eles se atribuíam, quando eles diziam que profetizavam, que expulsavam os demônios,
que faziam milagres em seu nome, só que tinham comportamentos que eram
antagônicos a tudo isso. Então JESUS ao dizer que não sabiam quem eles eram
completa com RETIRAI-VOS de mim vós
cujo coração destila ódio e fel, vós que derramais o sangue dos vossos irmãos
em meu nome, que fazeis correr as lágrimas em lugar de secá-las. Ressalta
a coerência que deveria existir entre o que eles faziam e o modo deles agirem
no dia-a-dia. E ainda hoje nós assistimos o sacrifício de irmãos nossos em nome
da fé religiosa de outros credos não cristãos mas que cultuam DEUS e em nome
dele degolam os que não juram os seus livros sagrados lembrando o negro passado
das inquisições, das guerras santas, de tudo o que já ficou no passado. Homens
bombas que destrõem aleatoriamente tantas vidas, se destrõem também em nome do
Pai, Pai Deus deles, da forma como eles acreditam, um Pai rancoroso que
castiga, um Pai que condena quem não o aceitam. Então essas pessoas vão
defender esse Deus erroneamente pensado desta forma. São adeptos de um Criador
que em vez de socorrer, em vez de aliviar a criatura, provoca lágrimas e
destruição. Então JESUS quando diz por que me chamais Senhor Senhor e não
fazeis o que eu digo, ele está falando também em nome da fé improdutiva, está
chamando a atenção, porque dizemos Senhor Senhor e temos uma fé improdutiva, e
não agimos no BEM, não fazemos o mal, mas não atuamos no BEM. Então refere-se à
FÈ apenas dos que cultuam exteriormente, que passam os dias em preces,
privam-se de alimentos, submetem-se a sacrifícios em nome de JESUS, mas não se
tornam melhores, não se tornam mais caridosos, não se tornam mais indulgentes,
com os semelhantes.
Portanto, só exterioridades. É nisso que
ele está focando quando Ele coloca: porque
dizeis Senhor Senhor e não fazeis o que vos digo. Refere-se aos que
assemelha aos fariseus, aos hipócritas, que adotam aquela postura de profunda
religiosidade, mas não ostentam uma pureza da alma, que seria materializada nas
suas atitudes, na sua fala, no seu pensamento. Então anuncia JESUS: para vós haverá prantos e ranger de
dentes.
Porque o Reino de DEUS é para aqueles
que são dóceis. Para aqueles que são humildes. Para aqueles que são caridosos.
Será que JESUS está falando em castigo? Não... JESUS está falando em
consequências. Porque tudo o que fazemos erradamente, as consequências são
nessa tônica, “de ranger de dentes”, de sofrimento, de prantos e o que fazemos
de BEM também têm consequências boas. É sobre isso que ele está falando. Não espereis, diz ainda JESUS, dobrar a justiça do Senhor pela
multiplicidade das palavras e das vossas genuflexões. Significa não é
falando muito, não é fazendo muitas rezas, muitas preces, dobrando os joelhos,
em homenagem a JESUS e aos considerados “santos”, nós às vezes não dobramos os
joelhos físicos acabamos dobrando [os joelhos] internamente mas sem aquele
sentimento de mudança. Portanto JESUS estava alertando o homem [a humanidade] para
que não se iludisse, pois não seria possível dobrar a justiça do PAI. Com nada
nós vamos conseguir dobrar a justiça de DEUS. Nós não vamos fazê-lo atender aos
nossos caprichos, os nossos desejos, nós nos utilizamos de vários recursos, de
promessas, de recursos materiais,
fazendo promessas para sermos perdoados em nossas culpas, pelo número de
sermões que fazemos ou que assistimos, pela frequência templos religiosos, mas
são os muitos os ingênuos que pensam assim... Eu cumpro o meu dever, eu vou a
Casa Espírita, vamos nos deter aos Cristãos Espíritas, eu vou na Casa Espírita
regularmente, eu recebo a fluidoterapia (tomo o passe), eu sou trabalhador e
aplico o passe (eu dou o passe), eu trabalho na caridade em algum trabalho
voluntário e isso é suficiente... Isso é
importante mas se não houver a reforma interior, a mudança de comportamento e
atitudes cristãs em todos os momentos, não adianta nada. Disse JESUS que o
único caminho que está aberto para encontrar graça diante do PAI é a prática do
AMOR e da Caridade. Então, sem isso o resto é exterioridades. Isso é válido
para o Cristão, para o Espírita, para o não Cristão, para o ateu, para todos
nós que somos filhos de DEUS e que viemos na missão de nos integrar junto com
os outros, de nos melhorarmos, de nos remodelarmos interiormente. Em Lucas
encontramos ainda: aquele que ouve as
palavras de JESUS é comparado a um homem sábio que construiu sua casa sobre a
rocha. Chegaram as chuvas, transbordaram os rios, os ventos sopraram sobre essa
casa e ela não tombou porque estava edificada sobre a rocha. A rocha
simboliza fortaleza, segurança que precisamos ter e que temos quando estamos
envolvidos com JESUS. Porque na nossa vida chegam constantemente as chuvas das
decepções, das ingratidões, das injustiças, sofrimentos físicos e morais,
sopram os ventos das separações ocasionadas pelas desarmonias entre as pessoas
ou pela morte, da convivência de pessoas tão queridas, pelo menos
temporariamente, são situações que fazem transbordar o nosso coração diante da
dor, infortúnios, sofrimentos de toda ordem, estão sempre presentes na nossa
trajetória terrestre. Ouvir as palavras do Cristo, segui-las, significa
compreender, incorporar no nosso interior e usa-la no nosso cotidiano, e
transformar tudo isso em atitude, em comportamento, em serenidade, fé. Se conseguimos ouvir o Cristo,
compreendendo com a razão, sentindo com o coração, nós estaremos resguardados
na fé raciocinada, naquela fé que se assenta na certeza da justiça divina, pois
isso nós quando estamos assim respaldados, nós sabemos que tudo que nos
acontece e que não foi ocasionado pelas nossas atitudes, isso tudo está dentro
de nossa programação de vida mesmo que nós não conheçamos as razões delas.
Então as palavras do Cristo sempre presentes em nós, a certeza da nossa
condição de Espíritos em trânsito pela Terra, em ascensão progressiva certos de
que a vida continua, nós estamos vivendo existências na Terra, e a vida é única
e continua infinitamente nos leva a perceber a vida terrena como ela é
realmente e quando percebemos como ela é realmente nosso comportamento também
muda. Então vemos a vida, na existência da Terra como transitória, como
oportunidade valiosa de aprendizado para conquistarmos o melhor de nós, para
pormos para fora aquela luz interior que todos somos.
Com essa compreensão, nós estaremos
resguardados pela rocha das nossas convicções, e vai ser mais fácil passar pelas
dificuldades mesmo que elas durem uma existência inteira, do berço ao túmulo,
compreendendo que são apenas uma etapa difícil mas necessária a nossa evolução.
Vai ser mais fácil quando sentimos realmente as palavras do Cristo nos
desapegarmos dos bens materiais, nos preocuparmos em conquistar virtudes, os
bens do Espírito, quando vai ser mais interessante e até convidativo, estudar e
conhecer o Evangelho do Cristo, vigiar os nossos comportamentos, buscar
conhecimentos, sabedoria, ouvindo e entronizando o Cristo em nosso modo de ser,
nós teremos a certeza do Amparo Divino e entenderemos quando Ele nos diz: vinde a mim vós que sofreis eu vos
aliviarei.
Porque estaremos em comunhão com Ele.
Continuando a visita a esta parábola que nos alerta sobre a construção de nossa
casa interior, que a casa construída sobre a rocha, é o nosso íntimo, JESUS
continua: mas o que ouve estas palavras que eu digo e não as pratica, será
semelhante a um homem insensato que construiu sua casa sobre a areia, e logo
que as cheias chegaram e os rios transbordaram, que chegaram os ventos, a casa
ruiu, porque não havia fortaleza, não havia sustentação interior. Refere-se
agora JESUS aos que não assimilaram as suas verdades, ou que não as quiseram
incluir no seu cotidiano, refere-se aos que se perdem nas dificuldades porque não
as aceitam como aprendizado, como consequências de suas atitudes. Refere-se aos
que se sentem sempre injustiçados, desamparados, há pessoas que tudo fica mais
difícil, tudo é muito negativo, e nunca se sentem bem. Refere-se aos que querem
receber amor, querem viver em paz, que todos nós queremos, mas não aprenderam a
amar, e nem aprenderam a colaborar com a paz que Ele pregou.
Então JESUS está se referindo aos que se
negam a socorrer o próximo, porque estão muito ocupados em seus interesses. Sabemos que a maior dificuldade da luta
evolutiva do Espírito, na luta de todos nós não é escolher o caminho certo, é
manter nele. Essa é a nossa dificuldade. E Kardec diz que só não tem que
lutar aqueles que já realizaram o progresso, aqueles que outrora, já viveram
experiências e lutaram para se melhorar e triunfaram, por isso é que neles hoje
imperam o desejo do bem, os bons sentimentos eclodem em qualquer momento, sem
nenhum esforço. Nós estamos ainda na luta para conquistar estas coisas. Será
que nós, que somos estudiosos do Evangelho do Cristo, que temos oportunidades
de ouvir oradores maravilhosos, de grande conhecimento, de ler bons livros, de
receber mensagens dos Espíritos às vezes nas reuniões mediúnicas, impressas, a
todo momento, agora pela internet muitas delas, ouvir Espíritos iluminados,
será que nós com tudo isso que estamos recebendo estamos só dizendo Senhor
Senhor e não estamos incluindo JESUS em nosso viver, em nosso cotidiano?????
Será que já iniciamos no auto-conhecimento,
na autocrítica, buscando ter consciência naquilo que precisamos mudar, estamos
conscientes de vigiar nossos pensamentos, a forma como falamos com os outros, o
nosso modo de agir, estamos preocupados com a nossa reforma íntima, nos impondo
método e disciplina para alcançar???
Será que já estamos fazendo isso???
Emmanuel, nos diz, que a resistência a
atração do mal, ou melhor, o que fica difícil nós resistirmos ao mal passa pela
falta de conhecimento e pela falta de autoconhecimento. Se sairmos da
ignorância e também nos conhecermos nós estaremos fortalecidos como aquela casa
construída na rocha.
Portanto, fica a reflexão para nos
orientar, para estimular a mudança que se faça necessária, a cada dia que nós
ouvirmos um orador, por que nós lemos uma coisa nova, que nós participamos de
alguma coisa, aumenta o nosso compromisso de mudança, de reforma, de
crescimento. Que JESUS NOS AMPARE nesta proposta. Sabemos ser difícil. Estamos
todos envolvidos nela e com a ajuda dos Espíritos Amigos e do Pai que tanto nos
ama chegaremos lá... Muita PAZ e recebam aqui o auxílio que vieram buscar...
Assim seja...
Nenhum comentário:
Postar um comentário