Trecho* retirado do Cap. XIV – Os Fluidos,
do livro A Gênese, de Allan Kardec
Obsessões e Possessões
45. - Pululam em torno da Terra
os maus Espíritos, em conseqüência da inferioridade moral de seus habitantes.
A ação malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos flagelos com que a
Humanidade se vê a braços neste mundo. A obsessão que é um dos efeitos
de semelhante ação, como as enfermidades e todas as atribulações da vida, deve,
pois, ser considerada como provação ou
expiação e aceita com esse caráter.
Chama-se obsessão à ação
persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, que vão desde a simples
influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa
do organismo e das faculdades mentais.
Ela oblitera todas as faculdades mediúnicas. Na mediunidade audiente e
psicográfica, traduz-se pela obstinação de um Espírito em querer manifestar-se,
com exclusão de qualquer outro.
46 - Assim como as enfermidades resultam das imperfeições físicas que tornam
o corpo acessível às perniciosas influências exteriores, a obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência
a um Espírito mau. A uma causa física, opõe-se uma força física; a uma
causa moral preciso é se contraponha uma força moral. Para preservá-lo das
enfermidades, fortifica-se
o corpo; para garanti-la contra a
obsessão, tem-se que fortalecer a alma; donde, para o obsidiado, a
necessidade de trabalhar por se melhorar a si próprio, o que as mais das vezes basta para livrá-lo do obsessor, sem o socorro de
terceiros.
Necessário se torna este
socorro, quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão, porque nesse
caso o paciente não raro perde a vontade e o livre-arbítrio.
Quase sempre a obsessão
exprime vingança tomada por um Espírito e cuja origem freqüentemente se
encontra nas relações que o obsidiado manteve com o obsessor, em precedente
existência. Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica
como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação
dos fluidos salutares e os repele. É daquele fluido que importa desembaraçá-lo.
Ora, um fluído mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau. Por meio de
ação idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir um fluido mau com o
auxílio de um fluido melhor.
Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente, ao qual é
preciso se possua o direito de falar com autoridade, que, entretanto, falece a
quem não tenha superioridade moral.
Quanto maior esta for, tanto maior também será aquela.
Mas, ainda não é tudo: para
assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o Espírito
perverso seja levado a renunciar aos
seus maus desígnios; que se faça que o arrependimento desponte nele, assim como
o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, em evocações
particularmente feitas com o objetivo de dar-lhe educação moral. Pode-se então ter a grata satisfação de libertar um encarnado e de
converter um Espírito imperfeito.
O trabalho se torna mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua situação,
para ele concorre com a vontade e a prece. Outro
tanto não sucede quando, seduzido pelo Espírito que o domina, se ilude com
relação às qualidades deste último e se compraz no erro a que é conduzido,
porque, então, longe de a secundar, o obsidiado repele toda assistência.
É o caso da fascinação, infinitamente mais rebelde sempre, do que a mais
violenta subjugação. (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXIII.)
Em todos os casos de obsessão,
a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos
maléficos o obsessor.
*= grifos nossos
Fonte: KARDEC, Allan. A Gênese. Cap.
XIV – Os Fluidos. Tradução de Guillon Ribeiro. 36ª ed. 1944. FEB.
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