terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Ego sum

Espírito: Augusto dos Anjos
Psicografia: Francisco Cândido Xavier

Ego sum

Eu sou quem sou. Extremamente injusto
Seria, então, se não vou declarasse,
Se vos mentisse, se mistificasse
No anonimato, sendo eu o Augusto.

Sou eu que, com intelecto de arbusto,
Jamais cri, e por mais que o procurasse,
Quer com Darwin, com Haeckel, com Laplace,
Levantar-me do leito de Procusto.

Sou eu, que a rota etérica transponho
Com a rapidez fantástica do sonho.
Inexprimível nas terminologias.

O mesmo triste e estrábico produto,
Atramente a gemer a mágoa e o luto.
Nas mais contrárias idiossincracias.

Fonte:
Parnaso de além-túmulo: (poesias mediúnicas): [psicografado por] – Francisco Cândido Xavier – 19. Ed. – 2ª reimpressão – Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010. 704 p. 


Quem desejar, pode ver este poema musicado por Zé Henrique Martiniano no  Link:  https://www.youtube.com/watch?v=SkMHEvmLxh0 . É maravilhoso...

Número Infinito

Espírito: Augusto dos Anjos
Psicografia: Francisco Cândido Xavier

Número infinito

Sístoles e diástoles verdadeiras
No hirto peito, rígido e gelado;
E eu via o último número extenuado,
Estertorando sobre as montueiras.

Interregno, escuridão, ânsia e inferneiras;
Depois do ar, o oxigênio eterizado,
E depois do oxigênio o ilimitado,
Resplendente clarão de horas primeiras.

Busquei a última visão das vistas foscas,
O Derradeiro Número entre as moscas,
À camada telúrica adstrito;

E eu, vítima dútil da desgraça,
Vi  que cada minuto que se passa
É nova luz do Número Infinito.

Fonte:

Disponível em http://www.recantodasletras.com.br/artigos/1831719 . Acessado em 28 fev. 2017.   

Oração

Espírito: José Silvério Horta
Psicografia: Francisco Cândido Xavier


Oração

Pai Nosso, que estás nos Céus,
Na luz dos sóis infinitos,
Pai de todos os aflitos
Deste mundo de escarcéus.

Santificado, Senhor,
Seja o teu nome sublime,
Que em todo o Universo exprime
Concórdia, ternura e amor.

Venha ao nosso coração
O teu reino de bondade,
De paz e de claridade
Na estrada da redenção.

Cumpra-se o teu mandamento
Que não vacila e não erra,
Nos Céus como em toda a Terra
De luta e de sofrimento.

Evita-nos todo o mal,
Dá-nos o pão no caminho,
Feito na luz, no carinho
Do pão espiritual.

Perdoa-nos, meu senhor,
Os débitos tenebrosos,
de passados escabrosos,
De iniquidade e de dor.

Auxilia-nos, também,
Nos sentimentos cristãos,
A amar nossos irmãos
Que vivem longe do bem.

Com a proteção de Jesus,
Livra a nossa alma do erro,
Sobre o mundo de desterro,
Distante da vossa luz.

Que a nossa ideal igreja
Seja o altar da Caridade,
Onde se faça a vontade
Do vosso amor... Assim seja.



Fonte: Parnaso de além-túmulo: (poesias mediúnicas): [psicografado por] – Francisco Cândido Xavier – 19. ed. - 2ª reimpressão – Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010. 704 p. 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Maria

Espírito: Auta de Souza
Psicografia: Francisco Candido Xavier


Maria

Toda a expressão de ternura
Do mundo de provação,
Nos Céus ditosos procura
A sua excelsa afeição.

Consolo das mães piedosas,
Cheias de mágoa  e de pranto,
Sobre quem atira as rosas
Do seu Amor sacrossanto.

Ninguém diz, ninguém traduz
Essa visão de Harmonia,
Visão de paz e de luz,
Paz nos Céus! Ave-Maria!


Fonte:

Parnaso de além-túmulo: (poesias mediúnicas): [psicografado por] – Francisco Cândido Xavier – 19. Ed. – 2ª reimpressão – Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010. 704 p.  

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Ave Maria

Espírito: Auta de Souza
Psicografia: Francisco Candido Xavier



Ave Maria

Ave Maria! Senhora
Do amor que ampara e redime,
Ai do mundo se não fora
A vossa missão sublime!


Cheia de graça e bondade
É por vós que conhecemos
A eterna revelação
Da vida em seus dons  supremos.


O Senhor sempre é convosco
Mensageira da ternura,
Providência dos que choram
Nas sombras da desventura.


Bendita sois vós, Rainha!
Estrela da Humanidade.
Rosa mística da fé,
Lírio puro da humildade!


Entre as mulheres sois vós
A Mãe das mães desvalidas,
Nossa porta de esperança,
E Anjo de nossas vidas!


Bendito o fruto imortal
Da vossa missão de luz,
Desde a paz da Manjedoura,
Às dores, além da Cruz.


Assim seja para sempre,
Oh! Divina Soberana,
Refúgio dos que padecem
Nas dores da luta humana.


Ave Maria! Senhora
Do amor que ampara e redime,
Ai do mundo se não fora
A vossa missão sublime!



Fonte:

Parnaso de além-túmulo: (poesias mediúnicas): [psicografado por] – Francisco Cândido Xavier – 19. Ed. – 2ª reimpressão – Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010. 704 p.  

Conselho Materno

Conselho materno

D. Rita de Cássia [madrinha de Chico] criava em sua casa, como filho adotivo, um sobrinho de nome Moacir, menino de onze a doze anos de idade.

Moacir trazia larga feria na perna, quando a dona da casa mandou chamar D. Ana Batista, antiga benzedeira da localidade denominada Matuto, hoje Santo Antonio da Barra, nos arredores de Pedro Leopoldo.

D. Ana examinou a úlcera e informou:

- Aqui só uma “simpatia” dará resultado.

- Qual? – perguntou a madrinha do Chico.

- Uma criança deve lamber a ferida por três sextas-feiras continuadas, pela manhã, em jejum.

E D. Rita perguntou:

- Chico serve?

A benzedeira observou e declarou:

- Muito bem lembrado.

Isso ocorria numa quinta-feira. À tarde, quando o menino foi à prece, sob as árvores, encontrou D. Maria João de Deus, em espírito, e contou-lhe, chorando, que no dia seguinte ele deveria tomar parte na “simpatia”.

- Você deve obedecer, meu filho.

- A senhora acha que eu devo lamber a ferida do Moacir?

- Mais vale lamber feridas que fazer aborrecimentos nos outros – falou o espírito maternal, - você é uma criança e não deve contrariar sua madrinha.

- E a senhora crê que isso poderá curar o doente?

- Não. Isso não é remédio? Mas dará bom resultado para você mesmo, porque sua obediência dará tranqüilidade à sua madrinha.

E, vendo que o menino hesitava, continuou:

- Seja humilde, meu filho. Se você ajudar a paz de que precisamos, você lamberá a ferida e nós faremos o remédio para curá-la.

No outro dia, Chico obedeceu à ordem.

Na sexta-feira imediata repetiu a estranha operação e a úlcera desapareceu.

Quando lambeu a ferida pela terceira vez, viu o Espírito de sua mãe, sorridente, ao seu lado.

Extático, viu-a abraçar Dona Rita. E Dona Rita, transformada, acariciou-o, pela primeira vez, e disse-lhe, bondosa:

- Muito bem, Chico. Você obedeceu direitinho. Louvado seja Deus!

E depois de dois anos de flagelação, o Chico teve a felicidade de passar uma semana inteira sem garfadas e sem vergões.


Fonte:

Lindos casos de Chico Xavier. Ramiro Gama. Ilustrações de Miranda Junior – 19ª edição – 
São Paulo, LAKE – 2000.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

A lição dos chuchus

A lição dos chuchus

Dona Maria pena, que era viúva do Raimundo, irmão do Chico, julgava que este era um mão aberta...

Não era muito crente do dar sem receber. E, certa manhã, em que, sobremodo, sentia a missão do Médium, que muito estimava, disse-lhe:

- Chico, não acredito muito nas suas teorias de servir, de ajudar, de dar e dar sempre, sem uma recompensa. Não vejo nada que você recebe em troca do que faz, do que dá, do que realiza...

- Mas, tudo quanto fazemos com sinceridade e amor no coração, Deus abençoa. E, sempre que distribuímos, que damos com a direita sem a esquerda ver, fazermos uma boa ação e, mais cedo ou mais tarde, receberemos a resposta do Pai. Pode crer que quem faz o bem, além de viver n o bem, colhe o bem.

- Então, vamos experimentar. Tenho aqui dois chuchus. Se alguém aqui aparecer, vou lhos dar e quero ver se, depois, recebo outros dois...

Ainda bem não acabara de falar, quando a vizinha do lado esquerdo, pelo muro, chama:

- Dona Maria, pode me dar ou emprestar uns dois chuchus?

- Pois não, minha amiga, aqui os tem, faça deles um bom guisado.

Daí a instante, sem que pudesse refazer-se da surpresa que tivera, a vizinha do lado direito, também pelo muro, ofereceu quatro chuchus a Dona Maria.

Meia hora depois, a vizinha dos fundos pede a Dona Maria uns chuchus e esta a presenteia com os quatro que ganhara.

A vizinha da frente, quase em seguida, sem que soubesse o que acontecia, oferece à cunhada do nosso querido Médium, oito chuchus.

Por fim, já sentindo a lição e agindo seriamente, Dona Maria é visitada por uma amiga de poucos recursos econômicos.

Demora-se um pouco, o tempo bastante para desabafar sua pobreza.

À saída, recebe, com outros mantimentos, os oito chuchus...

E Dona Maria diz para o Chico:

- Agora quero ver se ganho dezesseis chuchus, era só o que faltava para completar essa brincadeira...

Já era tarde.

Estava na hora de regressar ao serviço e Chico partiu, tendo antes enviado à prezada irmã um  sorriso amigo e confiante, como a dizer-lhe:  - “Espere e verá”.

Aí pelas dezoito horas, regressou o Chico à casa.

Nada havia sucedido com relação aos chuchus...

Dona Maria olhava para o Chico com ar de quem queria dizer: “Ganhei ou não?...”  

Às vinte horas, todos na sala, juntamente com o Chico, conversam e nem se lembram mais do caso dos chuchus, quando alguém bate à porta.

Dona Maria atende.

Era um senhor idoso, residente na roça.

Trazia no seu burrinho uns pequenos presentes para Dona Maria, em retribuição às refeições que sempre lhe dá, quando vem à cidade.

Colocou à porta um pequeno saco.

Dona Maria abre-o nervosa e curiosamente.

Estava repleto de chuchus...

Contou-os: sessenta e quatro: Oito vezes mais do que havia, ultimamente, dado...

Era demais...

A graça, em forma de lição, excedia à expectativa, era mais do que esperava.

E, daí por diante, Dona Maria compreendeu que aquele que dá recebe sempre mais.

Fonte:

Lindos casos de Chico Xavier. Ramiro Gama. Ilustrações de Miranda Junior – 19ª edição – São Paulo, LAKE – 2000.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Nem todos

Nem todos

E aconteceu que, quase oito dias depois destas palavras, tomou consigo a Pedro, João e a 
Tiago, e subiu o monte a orar. (Lucas, 9:28.)

Digna de notar-se atitude do Mestre, convidando apenas Simão e os filhos de Zebedeu para presenciarem a sublime manifestação do monte, quando Moisés e outro emissário divino estariam em contato direto com Jesus, aos olhos dos discípulos.

Por que não convocou os demais companheiros?

Acaso Filipe ou André não teriam prazer na revelação? Não era Tomé um companheiro indagador, ansioso por equações espirituais? No entanto, o Mestre sabia a causa de suas decisões e somente Ele poderia dosar, convenientemente, as dádivas do conhecimento superior.

O fato deve ser lembrado por quantos desejem forçar a porta do plano espiritual.

Certo, o intercâmbio com esse ou aquele núcleo de entidades do Além é possível, mas nem todos estão preparados, a um só tempo, para a recepção de responsabilidades ou benefícios.

Não se confia, imprudentemente, um aparelho de produção preciosa, cujo manejo dependa de competência prévia, ao primeiro homem que surja, tomado de bons desejos. Não se atraiçoa impunemente a ordem natural. Nem todos os aprendizes e estudiosos receberão do Além, num pronto, as grandes revelações. Cada núcleo de atividade espiritualizante deve ser presidido pelo melhor senso de harmonia, esforço e afinidade. Nesse mister, além das boas intenções é indispensável a apresentação da ficha de bons trabalhos pessoais. E, no mundo, toda gente permanece disposta a querer isso ou aquilo, mas raríssimas criaturas se prontificam a servir e a educar-se.   

  
Fonte:

Caminho, verdade e vida / pelo Espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 29 ed. – 1 imp. – Brasília; FEB, 2015. 393 p.

A Medicação pela Fé

A medicação pela fé*

A moça abatida, num acesso de tosse, chegara ao “Centro Espírita Luiz Gonzaga” com a receita médica.

Estava tuberculosa.

Duas hemoptises já haviam surgido com horrível prenúncio.

O doutor indicara remédios, entretanto...

- Chico, - disse a doente – o médico me atendeu e aconselhou-me a usar esta receita por trinta dias... 
Mas, não tenho dinheiro. Você poderia arranjar-me uns cobres?

O Médium respondeu de boa vontade:

- Minha filha, hoje não tenho... E meu pagamento no serviço ainda está longe...

- Que devo fazer? Estou desarvorada...

Chico pensou, pensou, e disse-lhe:

- Você peça à nossa Mãe Santíssima socorro e o socorro não lhe faltará. A que horas você deve fazer a medicação?

- De manhã e à noite.

- Então você corte a receita em sessenta pedacinhos. Deixe um copo de água pura na mesa, em sua casa e, no momento de usar o remédio, rogue a proteção de Maria Santíssima. Tome um pedacinho da receita com a água abençoada em memória dela e repetindo isso duas vezes por dia, no horário determinado, sem dúvida, pela fé, você terá usado a receita. 

A enferma agradeceu e saiu.

Passado um mês, a moça surgiu no Centro, corada e refeita.

- Oh! É você? – disse o Médium.

- Sim, Chico, sou eu. Pedi o socorro de Nossa Mãe Santíssima. Engoli os pedacinhos do papel da receita e estou perfeitamente boa.

- Então, minha filha, vamos render graças a Deus.

E passaram os dois à oração.


 Fonte:

Lindos casos de Chico Xavier. Ramiro Gama. Ilustrações de Miranda Junior – 19ª edição – São Paulo, LAKE – 2000.

* grifos nossos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tuberculose 
tuberculose (TB) (do francês tuberculose)[1] - chamada antigamente de "peste cinzenta",[2] e conhecida também em português como tísica pulmonar[3] ou "doença do peito" - é uma das doenças infecciosas documentadas desde mais longa data e que continua a afligir a Humanidade nos dias atuais. É causada no homem e em outros animais por diferentes espécies do gênero Mycobacterium. A espécie que mais transmite ao homem é o Mycobacterium tuberculosis, também conhecido como bacilo de koch, embora outras espécies também possam o fazer, como Mycobacterium bovis e Mycobacterium avium.[4] Estima-se que a bactéria causadora tenha evoluído há 50 000 anos, a partir de outras bactérias do gênero Mycobacterium.
A tuberculose é considerada uma doença socialmente determinada, pois sua ocorrência está diretamente associada à forma como se organizam os processos de produção e de reprodução social, assim como à implementação de políticas de controle da doença. Os processos de produção e reprodução estão diretamente relacionados ao modo de viver e o trabalho do indivíduo.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hemoptise 
Hemoptise é a expulsão sanguínea ou sanguinolenta através da tosse, proveniente de hemorragia na árvore respiratória. É comum a várias doenças cardíacas e pulmonares. Pode ser classificada em hemoptóico quando sangramento é em pequena quantidade misturado com escarro, ou hemoptise maciça quando o sangramento for maior que 200 - 600 ml de sangue em 24h. Pode ter diversas causas: Vias respiratórias Parenquima pulmonar Vasos pulmonares Intrometias Outras


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Mensagem Fraterna

Espírito: Auta de Souza
Psicografia: Francisco Cândido Xavier

Mensagem fraterna

Meu irmão: Tuas preces mais singelas
São ouvidas no espaço ilimitado,
Mas sei que às vezes choras consternado,
Ao silêncio da força que interpelas.

Volve ao teu templo interno abandonado,
- À mais alta de todas as capelas -
E as respostas mais lúcidas e belas
Hão de trazer-te alegre e deslumbrado.

Ouve o teu coração em cada prece.
Deus responde em ti mesmo e te esclarece
Com a forca eterna da consolação;

Compreenderás que a dor que te domina,
Sob a linguagem pura e peregrina
Da voz de Deus, em luz de redenção.

Fonte:
Parnaso de além-túmulo: (poesias mediúnicas): [psicografado por] – Francisco Cândido Xavier – 19. Ed. – 2ª reimpressão – Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010. 704 p. 

Você me chamou?

Você me chamou?*

A vida do Chico sempre um sacrifício constante.

Os que vão procurá-lo porque sofrem não sabem o quanto ele já sofreu e continua sofrendo.

vez ele nos disse: o espírita chora escondido, depois lava o rosto e vai atender a multidão sorrindo.

E foi numa dessas épocas em que o sofrimento lhe bateu mais fortemente às portas da alma que aconteceu o que narramos a seguir.

um dia inteiro de trabalho, quando ia se preparar para dormir suas duas ou quatro horas de sono, lhe apareceu uma figura diabólica e lhe perguntou:

- Você me chamou?

A voz era arrepiante e quando o Chico ia responder, ouviu o espírito de Emmanuel lhe dizer:

- Não diga que não.

Ficou pensando em que falar durante um minuto. E minutos em frente de uma criatura daquelas se contam por séculos, ensina o Chico.

- Você me chamou? Tornou a perguntar a criatura.

- Chamei sim senhor, respondeu o Chico.

- E o que é que você quer?

- É que a vida está tão difícil para mim atualmente que eu queria que o senhor me abençoasse em nome de Deus ou em nome das forças que o senhor crê.

O espírito olhou-o de maneira enigmática e ajuntou:

- É... Chico Xavier... com você está muito difícil.

E desapareceu,



*grifos nossos


Fonte:

Livro Chico, de Francisco. Adelino da Silveira. – São Paulo: Cultura Espírita União, 1987. 159 p. 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Dívida e tempo

Dívida e tempo

Chico visitou durante muitos anos um jovem que tinha o corpo totalmente deformado e que morava num barraco a beira de uma mata. 

O estado de alienado mental era completo. 

A mãe deste jovem era também muito doente e o Chico a ajudava a banhá-lo, alimentá-lo e a fazer a limpeza do pequeno cômodo em que morava.

- O quadro era tão estarrecedor que, numa de suas visitas em que um grupo de pessoas o acompanhava, um médico pergunto ao Chico:

- Nem mesmo neste caso a eutanásia seria perdoável?

- Não creio, doutor, respondeu-lhe o Chico. Este nosso irmão, em sua última encarnação, tinha muito poder. Perseguiu, prejudicou e com torturas desumanas tirou a vida de muitas pessoas. Algumas o perdoaram, outras não e o perseguiram durante toda a sua vida. Aguardaram o seu desencarne e, assim que ele deixou o corpo, eles o agarraram e o torturaram de todas as maneiras durante muitos anos. Este corpo disforme e mutilado representa uma benção para ele. Foi o único jeito que a Providência Divina encontrou para escondê-lo de seus inimigos. Quanto mais tempo aguentar, melhor será. Com o passar dos anos, muitos de seus inimigos o terão perdoado. Outros terão reencarnado. Aplicar a eutanásia seria devolvê-lo as mãos de seus inimigos para que continuassem a torturá-lo.

- E como resgatar ele seus crimes?, inquiriu o médico.

- O irmão X costuma dizer que Deus usa o tempo e não a violência.


Fonte:

Livro: Chico, de Francisco. Adelino da Silveira. – São Paulo: Cultura Espírita União, 1987. 159 p. 

Razão e Necessidade

Razão e Necessidade*

Muita gente procurava o Chico em seu emprego e isto começou a causar-lhe problemas.

Certa vez, uma senhora em adiantado estado de perturbação foi procurá-lo. O chefe não queria que ele atendesse ninguém em seu ambiente de trabalho e foi dito à senhora que o Chico estava em casa. Para lá ela se dirigiu ela, sendo informada de que o Chico estava trabalhando. Voltou novamente ao emprego e disseram que o nosso amigo saíra em serviço.

Ela resmungou qualquer palavrão e se foi.

À noite, quando as portas do Centro se abriram, ela avançou sobre ele e deu-lhe inúmeros bofetões no rosto.

Quando acabou de desabafar através da agressão, falou com voz nervosa e trêmula.

- Está pensando que tenho tempo para andar atrás de você para cima e para baixo? E, agora, já para aquela sala que você vai me dar um passe... cachorro...

A senhora sentou-se numa cadeira e ficou esperando.

O Chico começou a pensar: “Senhor Jesus, para se transmitir um passe precisamos estar calmos, com o coração voltado para o amor do próximo. O Senhor sabe todas as coisas e sabe que não estou com raiva dela, mas ela me deixou num estado meio diferente. Ajude-me Senhor”.

Então, o Espírito de Emmanuel lhe aparece e diz:

- Para ajudá-la é preciso alcançar-lhe o coração. Converse com ela.

E o Chico, para a irmã em sofrimento:

- Minha irmã, a senhora me perdoe ser uma pessoa tão ocupada. Não pude atendê-la em meu emprego porque meu chefe não permite. A senhora compreende... estou ali para servir à empresa, que me paga. Não posso perder aquele serviço porque tenho muitos irmãos para ajudar.

Foi conversando... conversando... e a mulher se acalmando, para em seguida começar a chorar. O Chico, então transmitiu-lhe o passe e ela foi devolvida à razão.

Depois de sua saída, o médium perguntou ao Espírito de Emmanuel:

- Emmanuel, eu não estou com a razão?

A resposta foi esta jóia de caridade cristã:

- Você está com a razão, mas ela está com a necessidade.

No outro dia, quando o Chico chegou ao serviço, estava com o rosto todo inchado. Seu chefe indagou o que ocorrera.

- Bati na porta.

Ele então olhou-o por sobre os óculos e perguntou novamente:

- Mas... dos dois lados?





*grifos nossos


Fonte:

Livro Chico, de Francisco. Adelino da Silveira. – São Paulo: Cultura Espírita União, 1987. 159 p. 

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Conversas do Chico com Emmanuel

Conversas do Chico com Emmanuel

O Criminoso
-Que definição o senhor me dá do criminoso?
-O criminoso é qualquer um de nós que foi descoberto.



Neurose
- O que é neurose?
- Impaciência nossa ou falta de resignação.



Humildade
- Qual o caminho para a humildade?
- Aprenda a esquecer-se.




Loucura
- O que é o louco?
- Louco é aquele que não se conforma com a realidade presente.



Constituição
- Que é Constituição?
- Código de Evolução de um povo.




Fonte:
Livro Chico, de Francisco. Adelino da Silveira. – São Paulo: Cultura Espírita União, 1987. 159 p. 

sábado, 18 de fevereiro de 2017

O Espiritismo é para o povo

O Espiritismo é para o povo*
(da entrevista concedida ao Dr. Jarbas Leone Varanda)

“É preciso que nós, os espíritas, compreendamos que não podemos nos distanciar do povo, porque o Espiritismo veio para o povo e com ele dialogar. É indispensável que estudemos a Doutrina Espírita junto com as massas, que amemos todos os companheiros, mas sobretudo, aos mais humildes social e intelectualmente falando e deles nos aproximemos com real espírito de compreensão e fraternidade. É preciso fugir da elitização que ameaça o movimento espírita”.

Indagado sobre os responsáveis por isso, afirmou...

- “Não, o problema não é de direção ou administração em si, pois precisamos administrar a nós mesmos, mas a maneira como a conduzem, isto é, a falta de aproximação com irmãos  socialmente menos favorecidos, que equivale à ausência de amor, presente no excesso de rigorismo, de suposta pureza doutrinária, de formalismo por parte daqueles que são responsáveis pelas nossas instituições; é a preocupação excessiva com a parte material das instituições ...”



Fonte:
Livro: Chico, de Francisco. Adelino da Silveira. – São Paulo: Cultura Espírita União, 1987. 159 p.


*grifos nossos.                                                                                                                     

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Coisas mínimas

Coisas mínimas

Pois se nem ainda podeis fazer as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras?
-Jesus. (Lucas, 12;26.)

Pouca gente conhece a importância da boa execução das coisas mínimas.

Há homens que, com falsa superioridade, zombam das tarefas humildes, como se não fossem imprescindíveis ao êxito dos trabalhos de maior envergadura. Um sábio não pode esquecer-se de que, um dia, necessitou aprender com as letras simples do alfabeto.

Além disso, nenhuma obra é perfeita se as particularidades não foram devidamente consideradas e compreendidas.

De modo geral, o homem está sempre fascinado pelas situações de grande evidência, pelos destinos dramáticos e empolgantes. 

Destacar-se, entretanto, exige muitos cuidados. Os espinhos também se destacam, as pedras salientam-se na estrada comum.

Convém, desse modo, atender às coisas mínimas da senda que Deus nos reservou, para que a nossa ação se fixe com real proveito à vida.

A sinfonia estará perturbada se faltou uma nota, o poema é obscuro quando se omite um verso.

Estejamos zelosos pelas coisas pequeninas, pois são parte integrante e inalienável dos grandes feitos. Compreendendo a importância disso, o Mestre nos interroga no Evangelho de Lucas: “Pois se nem ainda podeis fazer as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras?”  
   
Fonte:

Caminho, verdade e vida / pelo Espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 29 ed. – 1 imp. – Brasília; FEB, 2015. 393 p.

Fidelidade a JESUS e a KARDEC

FIDELIDADE A JESUS E A KARDEC

O Dr. Elias Barbosa, em seu livro “No Mundo de Chico Xavier”. 5ª edição, IDE, página 69, fez a seguinte pergunta ao Chico:

- Emmanuel já fez para você alguma referência especial sobre Allan Kardec?


- LEMBRO-ME de que, num dos primeiros contatos comigo, ele me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e a s lições de Allan Kardec e disse mais que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo.

Fonte:
Livro: Chico, de Francisco. Adelino da Silveira. – São Paulo: Cultura Espírita União, 1987. 159 p.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

A Paz Duradoura

O caminho da Paz Duradoura

(Da entrevista concedida a Fenelon Almeida e publicada pelo jornal “O Povo”, de Fortaleza, Ceará, em 09.03.81)

P – A seu ver, qual o caminho que pode levar as nações a um entendimento satisfatório, e, conseqüentemente, a uma paz duradoura?

   - Creio que quando cada um de nós estiver cumprindo os deveres que nos competem, perante Deus e diante da vida, à frente dos outros e ante a nossa própria consciência, alcançaremos a paz duradoura. Sobre essa questão de solucionarmos os grandes problemas da comunidade, na base do esforço ou do sacrifício possíveis a cada um, temos o exemplo inesquecível do Ceará, na abolição do cativeiro em nosso País. Há mais ou menos um século, segundo acredito, o jangadeiro Francisco José do Nascimento, revoltado contra a escravidão, gritou na praia de Fortaleza: “Em minha jangada não mais aceitarei escravo algum, nem de bordo para a terra e nem de terra para bordo”. Outros jangadeiros, todos eles brasileiros simples e profundamente humanos, seguiram-lhes as normas. Naturalmente sofreram eles prejuízos consideráveis, abstendo-se de angariar ou aceitar fretes que lhes eram necessários à subsistência, mas sustentaram a própria palavra e a abolição na Província do Ceará começou com o exemplo dos humildes, conquistando corações em todas as classes sociais. Quando José do Patrocínio visitou a cidade de Fortaleza, em 1882, já encontrou clima perfeito destinado a basear a libertação dos nossos irmãos cativos. Todo o Ceará já possuía nobres figuras de homens dignos empenhados na libertação dos escravos, mas comoveu-se toda a Fortaleza com a pregação do admirável abolicionista. E os frutos da sementeira de Francisco José do Nascimento começaram a surgir. Se não me engano, em princípios de 1882, o município cearense de Acarape alforriou todos os seus escravos, demonstrando a repulsa da província ao cultivo delituoso da servidão humana. Depois de Acarape, São Francisco e Pacatuba fizeram o mesmo. Depois do exemplo de Sobral, libertando, espontaneamente, cento e dezessete escravos, a abolição em toda a província do Ceará se fez muito antes do Decreto de Maio de 1888, que declarou extinta a escravidão no País. Conforme verificamos, os dignos brasileiros do Ceará liquidaram o cativeiro à custa deles mesmos. Não pediram dinheiro emprestado a ninguém e n em convidaram outras províncias a se tumultuarem, a fim de acompanhá-los; não pregaram a subversão contra as leis do Império e nem aconselharam a desordem coletiva, a favor dos ideais da humanidade em que se inspiravam. Fazendeiros ou não, proprietários ou não, os nossos irmãos cearense preferiram o próprio sacrifício. Não hesitaram em ferir os próprios interesses e em diminuir as posses deles mesmos, mas repartiram com os nossos irmãos cativos, mais do que o pão e as vantagens que lhes pertenciam, e sim a própria liberdade, ensinando ao Brasil inteiro, sem influencias externas, que a liberdade de trabalhar para garantir os seus próprios caminhos é um dom de Deus para todas as criaturas humanas. Creia você que não faço essas referencias por bajulação ao nobre estado do Ceará, onde a Divina Providência me concedeu tantos amigos generosos e dedicados, mas porque, em se falando em entendimento entre comunidades e paz duradoura, não acredito que essas conquistas venham até nós por medidas de força ou através de movimentos compulsivos do relho verbal e, sim, à custa de nosso próprio suor, esforço, diligência e sacrifício, na compreensão e no auxilio de uns para com os outros, qual aconteceu com os cearenses unidos e livres do cativeiro, muito antes de surgir na capital do Império o decreto que extinguiu a escravidão em nosso País.

P – Que mensagem você gostaria de aqui deixar para os iniciadores da construção do Terceiro Milênio?
  
  - Prezado amigo, se eu dispusesse de autoridade, rogaria aos homens que estão arquitetando a construção do Terceiro Milênio, para colocarem no portal da Nova Era as inolvidáveis palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.




Fonte:

Livro Chico, de Francisco. Adelino da Silveira. – São Paulo: Cultura Espírita União, 1987. 159 p. 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

A barata na sopa

A barata na sopa

D. Josefina era uma senhora cega, muito estimada nos arredores de Pedro Leopoldo, e tinha uma verdadeira adoração pelo Chico.

Seu desejo maior era o de que seu conterrâneo, um dia, jantasse com ela.

Tanto pediu, que o filho de D. Maria João de Deus a atendeu. Foi marcado o dia e o Chico compareceu.
A mesa estava posta. Numa ponta, sentou-se o convidado de honra, na outra, sua admiradora e, nos lados, duas amigas, conhecidas de ambos.

Por ser pobre, D. Josefina apenas fez uma sopa substanciosa. No prato fundo, diante de cada convidado, achava-se a sopa, contendo ingredientes apetitosos.

O Médium, emocionado com o tratamento afetuoso, devagar, dando atenção à palavra da dona da casa, foi tomando a sopa, quando de repente, dá com uma barata preta no meio do prato... Afasta-a para o lado, no momento em que D. Josefina lhe pergunta:

- Então, Chico, está gostando da minha sopa? Olhe que a fiz com cuidado e carinho em sua homenagem.

 - Está ótima, minha irmã. Sou-lhe muito grato pela sua bondade. Não mereço tanto, respondeu-lhe o Médium, e , para que ninguém observasse seu achado, foi conversando e tomando a sopa...

D. Josefina ria de contente. O humilde homenageado sentia-se contrafeito. Mas, diante da alegria da irmã querida, que se sentia tão honrada com sua presença, esqueceu-se da barata e começou a conversar, animadamente, contar casos e a comer...

No fim, quando todos acabaram, olhou para o prato: estava vazio. Havia tomado a sopa e a barata também.

Mas concorrera para alegrar o coração de uma velha e sincera admiradora.

Valeu o sacrifício...


Fonte: Livro Lindos Casos de Chico Xavier – Ramiro Gama; ilustrações de Miranda Junior – 19ª edição – São Paulo, LAKE – 2000.  

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

A surra de Bíblia

Esta história está narrada no livro LINDOS CASOS DE CHICO XAVIER, de Ramiro Gama.

A surra de BÍBLIA

Lutando no tratamento das irmãs obsidiadas, José e Chico Xavier gastaram alguns meses até que surgisse a cura completa.

No princípio, porém, da tarefa assistencial houve uma noite em que José foi obrigado a viajar em serviço da sua profissão de seleiro.

Mudara-se para Pedro Leopoldo um homem bom e rústico, de nome Manuel, que o povo dizia muito experimentado em doutrinar espíritos das trevas.

O irmão do Chico não hesitou e resolveu visitá-lo, pedindo cooperação.

Necessitava ausentar-se, mas o socorro às doentes não deveria ser interrompido.

“Seu” Manuel aceitou o convite e, na hora aprazada, compareceu ao “Centro Espírita Luiz Gonzaga”, com uma Bíblia antiga sob o braço direito.

A sessão começou eficiente e pacífica.

Como de outras vezes, depois das preces e instruções de abertura, o Chico seria o médium para a doutrinação dos obsessores.

Um dos espíritos amigos incorporou-se, por intermédio dele, fornecendo a precisa orientação e disse ao “seu” Manuel entre outras coisas:

 - Meu amigo, quando o perseguidor infeliz apossar-se do médium, aplique o Evangelho com veemência.

- Pois não, - respondeu o diretor muito calmo, - a vossa ordem será obedecida.

E quando a primeira das entidades perturbadas assenhoreou o aparelho mediúnico, exigindo assistência evangelizante, “seu” Manuel tomou a Bíblia de grande formato e bateu, com ela, muitas vezes, sobre o crânio do Chico, exclamando, irritadiço:

- Tome Evangelho! Tome Evangelho!...

O obsessor, sob a influencia de benfeitores espirituais da casa, afastou-se, de imediato, e a sessão foi encerrada.

Mas o Chico sofreu intensa torção no pescoço e esteve seis dias de cama para curar o torcicolo doloroso.

E, ainda hoje, ele afirma satisfeito que será talvez das poucas pessoas do mundo que terão tomado “uma surra de Bíblia”...


Fonte: Livro Lindos Casos de Chico Xavier – Ramiro Gama; ilustrações de Miranda Junior – 19ª edição – São Paulo, LAKE – 2000.