quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Flor de Manacá

Weimar Muniz de Oliveira traz mais este caso, relatado a ele em janeiro de 1992

Chico Xavier e a Flor de Manacá

(...)
Este caso foi narrado por Maria Helena Falcão dos Santos, advogada e esposa de meu prezado colega, magistrado Clodoaldo Moreira dos Santos, (...) transcrito aqui “ipsis litteris”:

 “Há dezesseis anos, mais precisamente no dia 13/04/1975, sofri o maior golpe da minha vida.

Tinha verdadeira adoração por minha mãe. Nossa afinidade era muito grande.

Na manha daquele dia fatídico, esta eu fazendo a mamadeira para o meu filho caçula, quando o neto mais velho de minha inesquecível mãe e que com ela morava chegou em minha casa gritando: 

-“Tia, a vovó está morrendo!”

Sem acreditar, pois à tarde do dia anterior ela tinha passado comigo e estava bem, corri até a sua casa, que era perto da minha e a encontrei já sem fala, deitada em sua cama.

Peguei-a nos braços e, chegando ao alpendre da casa, pedi a um vizinho, que ia passando de carro, que, pelo amor de Deus, nos levasse ao Hospital Santa Helena.

No banco de trás do carro eu sentia que todo o mundo desabava sobre mim. 

Minha santa mãe, com seus lindos olhos azuis, me fitava com todo o carinho que lhe era peculiar.

Eu, em desespero, passava a mão em sua cabeça e rezava.

De repente, ela estremeceu e aquela luz tão forte, que emanava de seus lindos olhos azuis, desapareceu. Os olhos ficaram opacos, sem vida.

Minha adorada mãe tinha acabado de desencarnar em meus braços.

Entrei em desespero e nada mais fiz conscientemente. Disseram-me, depois, que, na hora do sepultamento, tiveram que me tirar à força de cima do caixão.

Sofri demais. Não conseguia tirar da minha mente seus olhos opacos, sem o brilho que tanto os embelezava.

Com o passar dos anos, lendo muitas obras espíritas e cuidando de meu amado pai que, depois de três anos de sofrimento no leito, também retornou ao Além, pude ter outra visão do mundo, das pessoas , da morte. Porém, persistia em mim a lembrança sofrida dos olhos sem vida de minha mãe.

Acalentava o sonho de um dia ver o médium Chico Xavier.

Há seis anos, dez depois do desenlance de minha adorada mãe, fui surpreendida com o telefonema de uma amiga, dizendo que o Chico estava em Goiânia e que estará na Colônia Santa Marta, às 13 horas.

Fiquei muito feliz e pensei: hoje vou realizar o meu sonho de vê-lo! Pelo menos de longe!...

Troquei rapidamente de roupa e, ao sair de casa, senti um desejo incontrolável de pegar uma florzinha do pé de manacá que minha mãe adorava e havia plantado para mim. 

Pequei a florzinha e, fechando-a na mão, dirigi-me para a Colônia.

Ao ver Chico Xavier passar por mim, fui invadida por forte emoção e senti um desejo muito grande de falar com ele. Vi que ele se sentou em uma cadeira e as pessoas, que eram muitas, formavam fila para cumprimentá-lo.

Entrei na fila. Sentia a florzinha na minha mão, que eu conservava fechada, e algo me dizia que continuasse assim.

O Chico estendia a mão e cumprimentava um a um.

Quando chegou a minha vez, para meu espanto, ele, cabisbaixo, estendeu a mão para mim, só que com a palma virada para cima, com à espera de que nela fosse colocado algo.

Eu, imediatamente, sem saber porquê, coloquei em sua mão a florzinha de manacá, que só eu sabia estar fechada em minha mão.

Ele, ainda com a cabeça baixa, abriu o paletó e guardou-a no bolso interno do mesmo.
Só aí levantou a cabeça e me encarou. Sentia eu uma grande emoção. Meu rosto estava banhado pelas lágrimas. Queria dizer alguma coisa, mas não conseguia.

Ele, então, me disse:

-“Minha filha, os olhos dela brilham mais que a água marinha mais pura que possa existir neste planeta!” E olhava para o meu lado, como se visse alguém.

Eu, que já estava totalmente embargada pela emoção, entendi que ele estava vendo minha adorada mãe, ali, ao meu lado, mais viva do que nunca e que os olhos opacos e sem vida, cuja lembrança tanto me doía e fazia sofrer, não existiam.

Dominada por intensa emoção, afaste-me daquele santo homem, sem dizer uma palavra, mas com a certeza de que minha mãe estava muito bem e que seu belos olhos azuis brilhavam ainda mais que antes.”




Fonte: CHICO XAVIER, Casos Inéditos. Weimar Muniz de Oliveira. Goiânia: Federação Espírita do Estado de Goiás, 1998. 256 p.

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