quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Razão e Necessidade

Razão e Necessidade*

Muita gente procurava o Chico em seu emprego e isto começou a causar-lhe problemas.

Certa vez, uma senhora em adiantado estado de perturbação foi procurá-lo. O chefe não queria que ele atendesse ninguém em seu ambiente de trabalho e foi dito à senhora que o Chico estava em casa. Para lá ela se dirigiu ela, sendo informada de que o Chico estava trabalhando. Voltou novamente ao emprego e disseram que o nosso amigo saíra em serviço.

Ela resmungou qualquer palavrão e se foi.

À noite, quando as portas do Centro se abriram, ela avançou sobre ele e deu-lhe inúmeros bofetões no rosto.

Quando acabou de desabafar através da agressão, falou com voz nervosa e trêmula.

- Está pensando que tenho tempo para andar atrás de você para cima e para baixo? E, agora, já para aquela sala que você vai me dar um passe... cachorro...

A senhora sentou-se numa cadeira e ficou esperando.

O Chico começou a pensar: “Senhor Jesus, para se transmitir um passe precisamos estar calmos, com o coração voltado para o amor do próximo. O Senhor sabe todas as coisas e sabe que não estou com raiva dela, mas ela me deixou num estado meio diferente. Ajude-me Senhor”.

Então, o Espírito de Emmanuel lhe aparece e diz:

- Para ajudá-la é preciso alcançar-lhe o coração. Converse com ela.

E o Chico, para a irmã em sofrimento:

- Minha irmã, a senhora me perdoe ser uma pessoa tão ocupada. Não pude atendê-la em meu emprego porque meu chefe não permite. A senhora compreende... estou ali para servir à empresa, que me paga. Não posso perder aquele serviço porque tenho muitos irmãos para ajudar.

Foi conversando... conversando... e a mulher se acalmando, para em seguida começar a chorar. O Chico, então transmitiu-lhe o passe e ela foi devolvida à razão.

Depois de sua saída, o médium perguntou ao Espírito de Emmanuel:

- Emmanuel, eu não estou com a razão?

A resposta foi esta jóia de caridade cristã:

- Você está com a razão, mas ela está com a necessidade.

No outro dia, quando o Chico chegou ao serviço, estava com o rosto todo inchado. Seu chefe indagou o que ocorrera.

- Bati na porta.

Ele então olhou-o por sobre os óculos e perguntou novamente:

- Mas... dos dois lados?





*grifos nossos


Fonte:

Livro Chico, de Francisco. Adelino da Silveira. – São Paulo: Cultura Espírita União, 1987. 159 p. 

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